Economia Titulo Custo do dinheiro
Juros do cartão de crédito voltam a subir e superam 300% ao ano

Taxa média da modalidade é a mais alta desde março da 1999

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
11/06/2015 | 07:06
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A taxa de juros do cartão de crédito voltou a subir, ficando atrás apenas da registrada em março de 1999, pela segunda vez seguida. Na média, foi a 12,34% ao mês, o que corresponde a mais de 300% no ano (chegou a 304,04% ao ano). Em abril, estava em 12,14% ao mês (o equivalente a 295,48% ao ano). A maior marca anterior era 13,45% (anual de 354,63%) há 16 anos. Outras modalidades de empréstimo ao consumidor também seguem em trajetória ascendente, impulsionadas, entre outros fatores, pela inflação alta, que leva o Banco Central a subir a Selic (a taxa básica da economia), encarecendo o custo dos juros para as empresas e para a população de forma geral. É o caso também do cheque especial, que chegou, na média, a 9,90%, maior nível desde janeiro de 2003 (quando estava em 10,18%, ou 220,06% ao ano).

Os dados são de pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Segundo o presidente da entidade, Miguel Ribeiro de Oliveira, a tendência de elevação deve continuar nos próximos meses, não só por causa da inflação alta, mas também pelo momento da economia, com recessão e aumento do desemprego, que ampliam o risco de inadimplência; e pela medida do governo que elevou a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) dos bancos de 15% para 20% – só entra em vigor dia 22 de agosto, mas já estaria sendo repassado nas taxas.

A situação econômica colaborou para que a assistente jurídica Josemary Rodrigues, 34 anos, moradora de Santo André, se endividasse. Ela conta que a empresa em que trabalha vem atrasando o pagamento de salários e isso dificultou a renegociação de dívidas que ela tinha. Josemary diz que há um ano tinha cerca de R$ 3.000 não pagos em três cartões de crédito. “Acabava o limite de um e eu usava outro e me enrolei”, cita. Tomando como referência taxa de 12% ao mês, após 12 meses, ela estaria com dívida de R$ 11,6 mil (sem levar em conta desconto que o banco pode oferecer). Pelo fato de ter outros empréstimos e morar de aluguel, ela diz que não consegue acertar sua vida financeira.

CAUTELA - Segundo o especialista em investimentos da Ourinvest e fundador da Academia do Dinheiro, Mauro Calil, o momento atual exige atenção especial com a “cartilha básica da educação financeira”. “Não gastar mais do que se ganha, evitar ao máximo esses meios de pagamento (cartão de crédito e o limite do cheque especial) e não financiar, mas poupar primeiro e gastar depois. E se já estiver endividado, buscar trocar juros caros por outros mais baratos”, afirma. Um exemplo é o empréstimo pessoal dos bancos, que tem hoje taxa média de 4,06% ao mês (61,22% ao ano). 




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