Economia Titulo Custo de vida
Inflação acumulada em 12 meses tem quinta alta seguida

Entre junho de 2014 e maio deste ano, IPCA soma
8,47%; índice é o maior desde dezembro de 2003

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
11/06/2015 | 07:05
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Divulgação


A inflação oficial do País registrou a quinta alta consecutiva no acumulado de 12 meses. Entre junho de 2014 e maio deste ano, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) somou 8,47% – a taxa mais alta desde dezembro de 2003. Os resultados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na variação mensal, o índice atingiu 0,74%, voltando a ter alta após leve desaceleração em abril ante março. Entre janeiro e maio, a inflação acumulou 5,34%. A meta do governo para 2015 é 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo (ou seja, teto de 6,5%). Em maio de 2014, o acumulado de 12 meses foi de 6,37%. A elevação no custo de vida foi puxada pela variação nos preços dos grupos de alimentação (1,37%) e habitação (1,22%). Entre os itens alimentícios, os vilões foram a cebola (35,59%), o tomate (21,38%) e a cenoura (15,9%), além das carnes, que subiram, em média, 2,32% no mês passado. Entre os itens que compõem o setor de habitação, os reajustes nas tarifas de energia elétrica foram os principais responsáveis pelo aumento dos gastos domésticos das famílias. Na média nacional, a energia subiu 58,47% em 12 meses. “Além disso, os planos de saúde ficaram mais caros, bem como os produtos para cuidados pessoais”, explica Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE.

A inflação de maio é maior do que o previsto pelo mercado financeiro. Segundo o último Relatório Focus, divulgado no dia 5 pelo Banco Central, a expectativa dos analistas era de que a taxa mensal ficasse em 0,55%. “O que nos surpreendeu foram os alimentos, especialmente as refeições fora de casa. Também houve aumento em boa parte dos serviços livres, como consultas médicas. Alguns subiram mais de 1%”, comenta o economista André Braz, da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Braz avalia que a tendência é de que o custo de vida continue subindo neste mês. “Estão previstos reajustes na tarifa de água em São Paulo e no Rio de Janeiro, além da continuidade dos efeitos dos aumentos nos jogos lotéricos (entre 33% e 100%), que subiram na segunda quinzena de maio e devem influenciar os resultados de junho.” Ele cita ainda que os alimentos também devem exercer pressão sobre os preços, principalmente, a carne, açúcar e leite.

Para tentar forçar a queda na inflação, o Banco Central elevou, na semana passada, a taxa básica de juros (a Selic) em 0,5 ponto percentual, chegando a 13,75% ao ano. Braz salienta que as alterações na política monetária começam a surtir efeito depois de seis a nove meses. “Quando aumentam os juros, os empréstimos ficam mais caros. Diante da dificuldade de captar crédito, os empresários cortam postos de trabalho. Isso faz com que as pessoas revejam hábitos de consumo, como comer fora de casa e lavar o carro. Quem presta o serviço percebe a redução da procura e reduz os preços na tentativa de atrair os clientes. Esse é o impacto da Selic”, explica.

INPC - O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de maio ficou em 0,99%, chegando a 8,76% no acumulado de 12 meses. O indicador é utilizado como base para reajuste dos salários de grande parte das categorias. 




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