Nacional Titulo
Marchas e cordoes resistem no carnaval do interior
Do Diário do Grande ABC
04/03/2000 | 17:05
Compartilhar notícia


Marcha-rancho, folia na rua com bonecoes, corsos e a brincadeira ingênua dos cordoes. Tudo isso ainda existe no interior paulista. Em Tatuí, como há 72 anos, o Cordao dos Bichos sai às ruas a partir deste domingo, com seus bonecos e monstros. Folioes "vestem" os cabeçoes e as figuras de animais e fazem a festa, "assustando" as crianças. Há também bruxas e dinossauros.

Sob os bonecos, estao operários, funcionários públicos, vendedores ambulantes, pequenos comerciantes, "gente do povo", como diz o secretário do Cordao, Pedro da Silva. O bloco tem sede própria - um barracao, onde os bonecos ficam guardados e passam por freqüentes reformas, feitas pelo artesao José Carlos Machado.

O Cordao dos Bichos participa do desfile oficial da cidade, com as escolas de samba locais. A Banda Santa Cruz, do Conservatório Musical de Tatuí, acompanha o bloco. "Mas a gente gosta de entrar no meio do povo, correr atrás das crianças dar um susto em quem está distraído", diz o tesoureiro Antônio Carlos Assunçao.

Nos outros dias, o bloco faz estripulias pela cidade. O cordao foi criado em 1928 por Vicente de Almeida e Aladim Ponce. No começo, havia só dois cavalos e um elefante. Na década de 70, chegaram a ser 76 bonecos. Hoje, sao 40 figuras.

Jeca - A cidade Monteiro Lobato, no Vale do Paraíba, optou este ano por também voltar às origens. A festa, batizada de Folia do Jeca, terá marcha-rancho, marchinhas, sambas cadenciados e a bonecoes. O patrono da cidade será homenageado neste retorno ao carnaval familiar.

Os blocos, formados por amigos, parentes e vizinhos, saem ao som de marchinhas feitas por músicos locais ou antigas cançoes. No início da noite, o barulhento cortejo invade o lugar os bonecoes - conhecidos como Pereiroes - acompanham os folioes pelas ruas.

O carnaval começa com o desfile do seu bonecao principal uma caricatura de Monteiro Lobato de 4 metros de altura, e será seguido de perto por folioes fantasiados de seus personagens. O escritor que deu o nome ao lugar, conhecido até a década de 40 como Buquira, produziu boa parte de sua obra infantil no casarao colonial de seu avô, o Visconde de Tremembé. A fazenda também era conhecida como Sítio do Pica-Pau-Amarelo.

Sao Luís do Paraitinga, na Serra do Mar, realiza esse tipo de festa há décadas. O samba é proibido e alguns blocos, como o disputado Juca Teles, que abre oficialmente o carnaval, sai às ruas ao meio-dia. Este ano sao 16 grupos. Eles desfilam todos os dias de carnaval, da tarde até a madrugada.

Carros - Com cerca de 16 mil habitantes, a pequena Brodowski, na regiao de Ribeirao Preto, também tem um modo especial de diversao no carnaval. Escolas de samba, nem pensar. A agitaçao fica por conta das mais de 40 repúblicas, reunidas nos quatro dias, e pelo corso com caraterísticas especiais - os carros antigos sao adaptados e pintados para desfilar. "Aqui há uma integraçao legal", diz o presidente da comissao do Carnaval Popular, Angelo Marcelo Fossa. Cada república é cadastrada pela prefeitura e dá uma cesta básica (se quiser) para distribuiçao a famílias carentes. A simplicidade impera.

Os carros antigos adaptados desfilam todos os dias, das 14 às 19h - é o horário permitido pela polícia local. Explica-se: os carros, sem documentaçao, só podem circular nesse período. Este ano, sao 14 veículos de repúblicas cadastrados. O mais antigo é da Turma da Geni um DKW ano 66, que vai homenagear os 500 anos do Descobrimento.

A Rural Willys da Turma Tokitikutuku virou uma zebra. A Turma dos Cupinzinhos deixou a pintura do Cupim Móvel (um Galaxy) para a última hora. Já o grupo do Cachaça Brasil, transformou seu Galaxy no Carchaça.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;