Alianças formais entre DEM e PTB e de PPS e PSB serão engavetadas após Congresso decidir manter união proporcional
A decisão da Câmara dos Deputados de manter a coligação proporcional para eleição de parlamentares federais, estaduais e vereadores fez com que as fusões entre DEM e PTB e de PPS e PSB, bem encaminhadas, fossem descartadas pelas cúpulas nacionais. Nesta semana, o PTB anunciou oficialmente que desistiu de unir forças com os democratas. Entre socialistas e popular-socialistas, o cenário de renúncia da parceria ainda não foi consolidado, mas há líderes da legenda que creem que dificilmente o elo será levado adiante.
Expoentes de PTB, DEM, PPS e PSB analisaram não ver vantagem com a fusão depois que a coligação proporcional foi mantida. Com esse método de disputa, parcerias eleitorais podem ser firmadas a cada eleição sem necessidade de formação de bloco institucionalizado.
Já havia discussão áspera nas siglas com relação a quem comandaria os partidos resultantes das fusões e como seriam repartidas as cotas do fundo partidário. O cenário de falta de ideologia central em nível nacional também corroborou – em diversas cidades e Estados esses partidos são rivais locais, o que poderia provocar constrangimento político.
Deputado estadual, integrante da executiva paulista do PSB e filho de Márcio França (PSB), vice-governador de São Paulo, Caio França confirmou que a fusão já esteve mais próxima de sair do papel. Ele citou como um exemplo de incongruência eleitoral o posicionamento de PSB e PPS na Bahia. Lá, o PSB apoia formalmente o governador baiano Rui Costa (PT), afilhado de Jacques Wagner (PT), hoje ministro da Defesa. O PPS, além de se opor a Costa, defende firmemente a administração do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), rival do PT.
Reunião marcada para o fim do mês entre as cúpulas nacionais do PSB e PPS foi adiada. Em abril, lideranças das legendas posaram para fotos de mãos dadas ao anunciar a fusão. Caio não descartou aliança informal majoritária neste momento, que pudesse já servir para as eleições municipais do ano que vem, e formalizar a junção apenas em 2017, sem a obrigatoriedade de sentenciar as coordenações às pressas. “Ficaria o compromisso de fusão, mas legalizaríamos daqui dois anos. É possibilidade real, adiando a data do acordo.”
Presidente estadual do PTB e secretário-geral do partido na esfera nacional, o deputado Campos Machado afirmou que a fusão com o DEM foi engavetada por conta de condições impostas por democratas. “A incorporação é coisa do passado. Vamos, juntos, continuar a escrever a história que todo partido gostaria de ter”, pontuou Campos, evitando expor os detalhes que emperraram a parceria definitiva.
GRANDE ABC
Políticos da região viam com preocupação o desfecho a favor da fusão de DEM e PTB e de PPS e PSB. O caso mais explícito estava em Santo André.
O ex-prefeito Aidan Ravin é pré-candidato ao Paço andreense pelo PSB. O PPS de Santo André anunciou a filiação do ex-secretário de Cultura Raimundo Salles para também concorrer ao governo municipal. Com a possibilidade de união, Aidan já procurava siglas dispostas a abrigar seu projeto eleitoral, enquanto Salles não descartava sair do PPS. A decisão deve manter ambos em suas respectivas agremiações partidárias.
Em Diadema, havia acordo para que ex-integrantes do PR municipal integrassem o PPS – migrariam de partido o secretário de Transportes local, José Carlos Gonçalves, e os vereadores José Zito da Silva, o Zezito, e Reinaldo Meira. Mas a filiação foi adiada porque o PSB diademense, dos vereadores Célio Boi e Vaguinho do Conselho, ainda não decidiu como será seu posicionamento eleitoral. O presidente socialista Manoel José da Silva, o Adelson, quer apoiar o prefeito Lauro Michels (PV). Os parlamentares buscam projeto próprio ao Paço.
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