Bancada de vereadores petistas isenta Marinho de culpa na maior paralisação da história de S.Bernardo, mas admite antagonismo de lutas do passado
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A greve dos servidores públicos de São Bernardo, encerrada na sexta-feira após alcançar marca histórica de 22 dias, foi vista pelos vereadores do PT como “conflitante” ao comparar todo processo de paralisação com a história do partido e a do próprio prefeito Luiz Marinho (PT), oriundo da vida sindical. Os parlamentares, porém, isentaram culpar o chefe do Executivo sobre condução das negociações.
Presidente do Legislativo e um dos mediadores mais atuantes nas reuniões com o Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos) de São Bernardo, José Luís Ferrarezi (PT) encabeçou a lista dos discursos atribuindo à dificuldades econômicas a durabilidade da greve.
“A Prefeitura deve perder neste ano R$ 300 milhões com arrecadação de receita. Isso compromete qualquer planejamento e compromisso financeiro. O Marinho é um dos mais responsáveis gestores, por isso, o diálogo precisou ser tratado com muita cautela. Contudo, é difícil para nós, que viemos da vida luta por igualdade e reivindicação, passar por isso. Foi desgastante e acho que houve perda para os dois lados. Fica a experiência”, contextualizou Ferrarezi.
No dia 13, após não conseguir diálogo com Marinho, os servidores iniciaram greve geral, que foi caracterizada por grande adesão de funcionários, principalmente de setores como Educação, Saúde e GCM (Guarda Civil Municipal). Manifestos pelas ruas do Centro e acampamentos dentro da Câmara marcaram maior período de braços cruzados no município. Os manifestos ultrapassaram marca da segunda gestão de Mauricio Soares (PT), entre 1997 e 2000, quando o funcionalismo manteve paralisação por 21 dias seguidos. Curiosamente, Marinho e Mauricio emergiram politicamente no meio sindical, cobrando de patrões melhores salários e condições de trabalho.
Na sexta legislatura, Toninho da Lanchonete (PT) avaliou como “agonia” os dias de greve. “Foi muito dramático vivenciar tudo isso. É conflitante para nós enfrentarmos protesto desta ordem. No entanto, respeitamos demais”, afirmou.
Também oriundo da vida sindical, Tião Mateus (PT) revelou ter ficado satisfeito com a postura dos servidores, assegurando que os direitos de cada um devem ser brigados em “todas as situações”. “Jamais poderia dizer que fui contrário à atitude de greve. Pelo contrário, muitas vezes discursamos sobre luta por melhores condições. Agora, o que ocorreu no município foi a dificuldade financeira enfrentada. O Marinho sempre foi um trabalhador pela igualdade da classe trabalhista.”
Os vereadores Paulo Dias e José Cloves endossaram afirmativas dos colegas, adicionando que a categoria deve continuar atuante quanto à disputa por avanços. “Foi uma paralisação unida, que se fez respeitar. Acho que agora os servidores vão esperar por esse tipo de mobilização em relação a todas melhorias da classe”, avaliou Paulo Dias.
“Durante o período, dialogamos bastante e procurei falar para os funcionários que respeitava o movimento. Apenas salientava as justificativas do Marinho quanto a questões orçamentárias. Acho que foi uma lição grande, aprendizado que vai deixar experiência para futuras situações de luta por melhorias”, pontuou.
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