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FHC diz que não há soluções mágicas para problemas sociais
Do Diário OnLine
25/11/2002 | 20:00
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O presidente Fernando Henrique Cardoso fez um discurso nesta terça-feira no qual misturou um balanço dos seus oito anos de governo com um alerta à próxima administração. Em um leve tom de crítica, FHC disse que não existe mágica para resolver os problemas sociais, e afirmou que o presidente eleito deve se preparar para um “denso nevoeiro”. Fernando Henrique falou a formandos da Marinha, Exército e Aeronáutica na Escola Naval do Rio de Janeiro.

FHC afirmou que governar não depende apenas de boas idéias e de boa vontade, pois fatos inesperados sempre vêm atrapalhar os planos da equipe de governo. Ele citou como exemplo as crises mexicana (em 1994), asiática (1997) e russa (1998) como dificuldades que atrapalharam o seu mandato. Para o futuro, a previsão é de mais turbulência. “O novo governo tem que aprender a navegar sobre um nevoeiro denso e aceitar como regra básica a idéia de que será surpreendido por fatos inesperados, tanto pelo lado ruim quanto pelo lado bom.”

Para FHC, a ‘surpresa’ impede inclusive que planos da área social sejam cumpridos. Segundo ele, “persistência e racionalidade” são fundamentais. “Ninguém resolve questões sociais do dia para a noite. O caminho é lento, e a resolução já está dada”, disse. Para ele, boa vontade e boas idéias não são suficientes. “Temos de evitar o canto de sereias para soluções fáceis, dos jogos de magia.”

O presidente ainda afirmou que é preciso tomar cuidado com a maneira pela qual pequenos fatos e notícias são recebidos pelo mercado financeiro. “Uma expectativa bem manobrada produz um efeito que eu compararia a um curto-circuito, que muda totalmente as condições de operação de um país.” Segundo ele, o momento no mercado é de “psicologia coletiva”, o que significa que os fundamentos da economia muitas vezes são derrotados por boatos e expectativas.

Ainda no âmbito econômico, Fernando Henrique ressaltou avanços de seu governo, como o aumento da competitividade no mercado internacional, que, segundo ele, foi adquirida após a abertura e o processo de privatizações. “O Brasil não tinha capacidade institucional para defender os nossos interesses. Hoje o Brasil é o país que mais cria casos na OMC (Organização Mundial do Comércio)”, disse.

FHC também defendeu o fortalecimento do Mercosul e uma forte ajuda à Argentina, e rejeitou a visão negativa das negociações com a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e da União Européia. "É preciso abrir portas. Temos de ter atitude madura de defender nossos interesses, mas não ficar encaramujado com medo. Agora temos que reforçar nosso projeto fundamental que é o Mercosul. O Brasil tem que confirmar uma posição de compreensão das dificuldades dos nossos vizinhos", afirmou.

Fernando Henrique ainda considerou como avanços de seu governo o controle da inflação, a transparência e a responsabilidade fiscal. O presidente ainda lembrou, durante o discurso, que irá à Organização das Nações Unidas (ONU) receber um prêmio pelo Brasil ter sido o país que apresentou maior recuperação no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).




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