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Falta de cadeira em lojas adia fiscalização de lei
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
09/06/2010 | 07:00
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A falta de cadeirinhas para transportar crianças nos bancos traseiros dos veículos levou o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) a postergar de hoje para 1º de setembro o início da fiscalização que torna obrigatória a utilização dos dispositivos de segurança para crianças entre zero e 7 anos e meio.

Indústria e varejo não previam que nas semanas que antecederiam a fiscalização a procura pelo produto fosse tão grande. Apenas na diademense Infanti Brasil o faturamento durante o mês passado foi 150% superior frente a igual período de 2009. Além disso, sua produção crescerá 100% em relação ao ano passado.

De acordo com o diretor de marketing da companhia, Fabiano Nyenhuis, o prazo normal para entrega dos pedidos era de três dias úteis, mas devido à demanda altamente aquecida o abastecimento das lojas pulou para dez dias úteis.

"Estamos com o abastecimento em vias de normalização. Isso quer dizer que em duas ou três semanas o prazo de entrega voltará ao normal", explica o executivo. Ele salienta que mesmo com a alta procura, os preços não foram alterados pelas principais marcas.

Para atender os pais e responsáveis que deixaram a compra do dispositivo para última hora, a empresa vai estimular os lojistas a formarem estoques maiores de modo a aliviar a pressão das entregas nos momentos mais críticos.

Nyenhuis pontua que não há falta de produto, mas atraso nas entregas, mesmo depois da Infanti ter ampliado a capacidade logística entre os meses de março e maio com a contratação de mais 50 profissionais, totalizando 80, que revezam em três turnos a etiquetagem e reempacotamento dos itens fabricados na China.

A concorrente do setor, Burigotto, de Limeira (SP), viu suas vendas dobrarem em maio na comparação com 2009, mas não especificou a quantidade. Em comunicado, a fabricante sinaliza que "há mais de um ano vem tomando todas as medidas necessárias para abastecer o mercado".

Os modelos mais difíceis de encontrar nas lojas são os assentos de elevação, destinados para crianças com peso entre 15 e 36 quilos ou com idade entre 4 e 7 anos e meio.

VAREJO - Numa grande rede especializada em artigos infantis com filial em Santo André o movimento aumentou consideravelmente nos últimos 20 dias. O gerente de marketing, Milton Bueno, estima que apenas em maio o desempenho foi 30% maior frente a 2009.

"O giro está alto. A expectativa era de que a procura fosse pulverizada, não concentrada nas semanas que antecederiam a fiscalização. Muitos deixaram para comprar nas duas últimas semanas."

Questionadas, duas supermercadistas não confirmaram se ocorre falta dos produtos, mas apontam alta média nas vendas de 150%, uma delas aposta em avanço de 100% nas vendas durante o ano.

FISCALIZAÇÃO - Especialistas acreditam que a ‘lei da cadeirinha' vai pegar. A coordenadora de mobilização da ONG Criança Segura, Jaqueline Magalhães, pontua que é preciso mudar a cultura do brasileiro. "Assim como a obrigatoriedade do cinto de segurança funcionou, a da cadeirinha também vai." Para ela, os pais não devem levar em conta as multas, mas a importância de preservar a vida dos bebês. Estudos mostram que o uso do dispositivo reduz em até 70% a morte de crianças no trânsito.

O Ministério Público Federal de São Paulo instaurou inquérito para apurar ponto específico da resolução do Contran. Apesar da obrigação dos carros de passeio terem a cadeira, transportes coletivos, táxis, vans escolares e veículos com peso superior a 3,5 toneladas não precisam obedecer à norma. (Colaborou Marcelo Monegato)




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