A sólida posição do bloco oposicionista da Câmara de São Bernardo, frente aos projetos do Executivo, tem levado a base de sustentação do prefeito Luiz Marinho (PT) a promover uma espécie de retaliação. Nem mesmo os simples pedidos de concessão do plenário Tereza Delta, para instituições da cidade realizarem suas atividades, feitos pelos vereadores contrários à gestão petista, são aprovados pelos governistas.

"Isso gera incômodo desnecessário. Não oferecer esse espaço para a sociedade é um erro e gera um retrocesso democrático", constata o vereador Tunico Vieira (PMDB), que evita o rótulo de oposição ao preferir a qualificação de "grupo que não oferece apoio incondicional à administração".

O peemedebista salienta que a recusa nas solicitações e em outros requerimentos de informações se deve ao processo de análise de matérias protocolizadas pelo Executivo na Casa. "Os parlamentares do PMDB, PSB e PSDB analisam as proposituras de Marinho dentro do prazo Legal. Não há tentativa de travamento da pauta."

As únicas três peças que sequer passaram pelas comissões para entrar em votação são as inerentes à reforma administrativa, consideradas inconstitucionais pelos pareceres dos grupos temáticos liderados pela oposição e por outros órgãos externos - as redações substitutivas retornaram às mãos de Marinho e não têm prazo para voltarem ao Legislativo. "Votamos em todos os demais projetos legais e, mais que isso, contribuímos para a melhoria das propostas. É só pegar os textos originais e comparar", ressalta Tunico.

O petista Tião Mateus contesta o apontamento do peemedebista. "Somos contra apenas o uso inadequado do plenário. A intenção é ceder o local todas as sextas-feiras para uma única vertente da comunidade. Os pedidos esporádicos são atendidos normalmente. Ou então querem converter o espaço em templo religioso", enfatiza Tião, observando que "a Casa é do povo".

Tunico Vieira repreende ainda uma ação praticada na plenária da semana passada. Matéria de Admir Ferro (PSDB), a qual cria a semana do jovem empreendedor no município, aprovada unanimemente por acordo entre as bancadas de situação e oposição, foi vetada pelo prefeito Luiz Marinho.

"Esse foi o primeiro caso e espero que seja o último. É uma situação delicada, pois no momento da adesão à propositura todos os vereadores foram favoráveis, mas quando desceu o veto a sustentação foi com o governo", lamenta.