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Visita de Obama ao
Brasil divide opiniões
Fábio Martins, Mark Ribeiro e Cynthia Tavares
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22/03/2011 | 07:35
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Que a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil serviu para estreitar as relações comerciais entre os dois países os prefeitos e deputados do Grande ABC concordam. Mas o som quase uníssono é desafinado quando o assunto é a ausência do norte-americano em São Paulo, justamente o Estado que detém a maior participação do PIB (Produto Interno Bruto) nacional: 33%.

No fim de semana, Obama esteve em Brasília e no Rio de Janeiro. No discurso na capital carioca referiu-se ao Brasil como potência democrática. "Se não nos vissem como potência na América Latina seria erro estratégico grande. Hoje o Brasil é parceiro comercial para compra, venda e ações políticas e sociais. Está correto", argumentou o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV).

Mas há também o grupo que ficou incomodado com a ausência de Obama no Estado. "Foi escolha política e equivocada. São Paulo tem todo o peso econômico do País", sustentou a deputada estadual Regina Gonçalves (PV-Diadema). "Falou dos caças, quebrar barreiras comercias... Por isso foi falha não ter vindo a São Paulo, a locomotiva do País", concluiu seu colega na Assembleia, Orlando Morando (PSDB-São Bernardo).

Outra parlamentar paulista que fez ressalva sobre a visita de Obama foi Vanesa Damo (PMDB-Mauá). "O Rio atrai por ser amplamente divulgado. Isso precisa ser revisto", ponderou, ao considerar que a vinda do presidente norte-americano tem ligação com o pré-sal. "Eles dependem muito do petróleo do Oriente Médio. Por isso há anseio por proximidade."

Por outro lado, Volpi avalia como justa a escolha pelo Rio. "Tudo acontece em termo de marketing. Eles conhecem mais o Rio do que São Paulo." Os petistas Carlos Grana (deputado estadual - Santo André) e Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (deputado federal - São Bernardo), minimizaram. "É questão menor", pontuou o primeiro. "Obama falou ao País inteiro, não só a um Estado", seguiu Vicentinho.

O petista de São Bernardo ainda ironizou os efeitos que a vinda de Obama a São Paulo poderia provocar. "Ele iria conversar com empresários? Empresário é muito pragmático. Não é a vinda dele para São Paulo que fará aumentar os negócios."

 

Mesmo com sinais, prefeitos petistas ficam com pé atrás

 

Embora pertençam ao mesmo partido da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), que assinou dez acordos comerciais com os Estados Unidos durante a passagem de Barack Obama ao Brasil, os prefeitos Luiz Marinho (São Bernardo) e Oswaldo Dias (Mauá) acompanharam com desconfiança a visita do presidente norte-americano.

Apesar do aceno de Obama ao ingresso do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, Marinho ficou com um pé atrás sobre as possibilidades de a situação ser concretizada. "Preciso saber dos encaminhamentos porque não é a primeira vez que o presidente norte-americano faz isso. Uma coisa é simpatizar, outra é ‘estou junto, vamos lá, pode contar com o meu voto no Conselho'. Isso ele não fez."

Embora receoso, o prefeito de São Bernardo disse torcer para que a economia norte-americana ande bem. "Ainda não tenho clareza se o Obama será aquele parceiro que precisamos. Mas os Estados Unidos têm interesses comerciais aqui, e nós temos lá. Então a relação tem de ser harmoniosa."

Oswaldo Dias seguiu a mesma linha desconfiada do companheiro. "O Obama representa um Estado. Por mais que ele venha aqui e sinalize parceria, há todo um processo cultural de pressão por ceder a imposições internacionais. Por isso, não enxergo tendência muito forte pró-Brasil", externou.




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