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Governo chama montadoras para rediscutir acordo
Do Diário do Grande ABC
06/05/1999 | 14:45
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O governo federal já fez o primeiro contato com as montadoras para iniciar negociaçoes sobre a possível renovaçao do acordo emergencial de reduçao dos custos na produçao de carros. O secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Hélio Mattar, telefonou para o presidente da Associaçao Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), José Carlos Pinheiro Neto, durante a entrevista coletiva em que o próprio Pinheiro Neto anunciava que as montadoras nao vao suspender os aumentos de preços.

Nao foi marcado ainda nenhum encontro, mas o presidente da Anfavea estará com o presidente Fernando Henrique Cardoso na noite desta quinta durante jantar em homenagem ao presidente da Venezuela, em Brasília. Pinheiro Neto disse que está disposto a conversar com Mattar, mas insistiu que a indústria nao vai rever os reajustes.

"Precisamos de um negócio chamado dinheiro. Senao, vamos ter de ir ao banco, que cobra uma enormidade de juro. Eu nao tenho outra forma de ter dinheiro a nao ser aumentando os preços em 10%, ou nao vou ter como pagar os salários do senhor Marinho e do senhor Paulinho (Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical)."

Na próxima fase de negociaçoes, as montadoras vao certamemnte jogar com a questao do emprego. Pinheiro Neto já disse na entrevista desta quinta que haverá "um monte" de trabalhadores excedentes se o mercado encolher. A indústria prevê produzir este ano 1 milhao de unidades se nao houver renovaçao do acordo automotivo. Este total ficaria 36,4% menor do que a produçao do ano passado.

Manifestaçoes - O presidente da Anfavea também utilizou a questao do emprego para criticar as manifestaçoes que os metalúrgicos realizaram nesta quinta pela manha, com passeatas e paralisaçao das fábricas em Sao Bernardo do Campo (SP). "Isso ocasiona aquilo que a gente nao quer que aconteça, que é o aumento do desemprego", disse Pinheiro Neto.

O executivo passou grande parte da entrevista - que durou quase duas horas - dizendo que a indústria automobilistica está sem caixa e amargou prejuízos no primeiro trimestre. Segundo ele, as quatro montadoras veteranas - Volkswagen, Gerenal Motors, Ford e Fiat - tiveram prejuízo de R$ 1,3 bilhao no período, segundo levantamento de uma consultoria.

"Eu nao tenho a Casa da Moeda e nem o Banco Central e nao existe nenhum samaritano que nos dê dinheiro de graça", destacou.

A direçao da Anfavea nao detalha por que as montadoras aplicaram índices de reajustes praticamente iguais. "Porque vivemos no mesmo país", limitou-se dizer Pinheiro Neto. Também nao explicou o aumento de mais de 9% no carro popular, justamente um modelo que nao carrega quase nenhum componente importado.

A indústria vinha alegando que a maior parte do aumento se deve à mudança cambial. Segundo Pinheiro Neto, também os carros que nao têm muitos componentes importados utilizam peças de fornecedores que compram matérias-primas no exterior.




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