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Maluf teve telefonemas gravados
20/09/2005 | 23:40
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Enquanto o escândalo do mensalão dominava Brasília, a Polícia Federal continuou atrás de um político cujo nome era pouco citado nas CPIs – Paulo Maluf. E gravou 600 horas de conversas telefônicas, muitas delas comprometedoras, informou nesta terça-feira o Jornal Nacional, da TV Globo. Numa das conversas Maluf disse que o deputado Nilton Baiano (ES), do seu partido (PP), recebeu US$ 200 mil para ser candidato a prefeito de Vitória em 1996. "Não foi candidato e ficou com o dinheiro", informou Maluf.

No telefonema, do dia 5 de julho, Maluf conversa com o presidente do PP, o deputado Pedro Corrêa (PE), um dos envolvidos com o escândalo do mensalão. Corrêa o trata com reverência e o chama de "meu grande amigo". Primeiro, Maluf – que ainda não estava preso – insinua que será candidato a deputado federal em 2006. "Deixa esse troço organizadinho que eu quero estar com vocês em 2006".

Corrêa diz que governar está sendo um péssimo negócio: "O senhor volta pra aqui em 2007, venha pra cá, não vá pra governo não, que esse negócio de governo é fria, chefe! Hoje não dá pra ser governo. Com o Ministério Público, do jeito que está fazendo, a gente não pode mais ter nada..."

Em seguida, queixa-se da oposição que está tendo para dirigir o PP. "Eu tô enfrentando aquele povo lá do Rio Grande do Sul. Fizeram um bocado de ofício, de nota, botaram no jornal..."

Maluf interrompe o relato e sugere que recorra a Nilton Baiano, que também lhe faz oposição e o chantageie. "Chama o Nilton Baiano e diga o seguinte: 'olha, o Maluf disse que você, além de tudo, é ingrato. Ele (Maluf) não vai entrar na análise que você participou do governo de Zé Inácio, que tá sendo processado, ele e a mulher, como gatunos, nem de você ser sócio do Zé Carlos Gratz, que era o presidente da Assembléia'"

Baiano foi secretário de Saúde do ex-governador José Inacio Ferreira, que está sendo processado por desvio de dinheiro público. Gratz perdeu o mandato e está preso em Vitória, depois de ser acusado pela CPI do Narcotráfico de ser o chefe do crime organizado no Espírito Santo.

Surpresa – Corrêa se surpreendeu com a informação: "Ele é sócio?" Maluf confirmou, convicto: "É, ele é sócio do Zé Carlos Gratz, que tá preso por traficante (sic) de drogas. Isso ele não comenta." E arrematou acusando Baiano de ter recebido US$ 200 mil em 1996 para ser candidato a prefeito da capital. Não foi candidato e não devolveu o dinheiro. "Isso é ótimo", deliciou-se Corrêa.

Ouvido na reportagem, Nilton Baiano admitiu conhecer José Carlos Gratz, mas negou que tivesse sociedade com ele. E afirmou: "Nunca recebi dinheiro do senhor Paulo Maluf, nem do PP." A acusação de Maluf, segundo ele, foi revide por ele ter pedido que o ex-prefeito paulistano saísse do PP.




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