Nacional Titulo
Agua de bairros antigos do RJ pode ter chumbo em excesso
Do Diário do Grande ABC
03/01/2000 | 17:57
Compartilhar notícia


O presidente da Companhia Estadual de Agua e Esgoto do Rio de Janeiro, Augusto Gomes (Cedae), vai entrar com uma queixa-crime contra o responsável pelo Laboratório de Análise Ambiental e Mineral (LAM) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Joao Alfredo de Medeiros.

Segundo o pesquisador, a água que chega às regioes mais antigas da cidade (Botafogo e Santa Tereza, na zona sul, e Sao Cristóvao Santo Cristo e Méier, na zona norte) pode estar com chumbo em nível acima do recomendado pela Organizaçao Mundial de Saúde (OMS).

Medeiros diz que, no todo, a água servida aos moradores do município e do estado do Rio de Janeiro é de boa qualidade, e tem nível de chumbo menor do que a metade do limite de 50 partes por bilhao (50bbp) recomendada pela OMS. "O problema é localizado nos bairros antigos, onde os canos ainda sao de chumbo e sao dissolvidos pelo cloro colocado na água ou pela sua acidez", explicou o chefe do LAM. "O chumbo se acumula no organismo e provoca problemas de saúde que vao da prisao de ventre até a cegueira."

De 1995 até meados do ano passado o laboratório tinha um convênio com a Cedae para análise da água. Desde entao, Medeiros acusa a concessionária estatal de nao fazer com eficiência o controle da qualidade da água e de colocar cloro de maneira errada.

"Eles colocam uma grande quantidade uma só vez ao dia, quando o correto seria pouca quantidade, várias vezes", explicou. "Essa é a causa da alta quantidade de chumbo na água, às vezes até 300 ou 600ppb em lugares onde os canos sao antigos."

Retaliaçao - O presidente da Cedae nega a contaminaçao e acusa o professor Medeiros de fazer a denúncia em retaliaçao ao fim do convênio entre a Cedae e o LAM.

Atualmente, a análise da água é feita pelo Laboratório de Análises Química, Ambiental e Microbiológica (Laqam) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que tem dados diferentes do LAM.

Segundo o gerente do Laqam, José Antônio Pires de Mello, o problema da contaminaçao de água é pontual e nao pode ser generalizado para toda a cidade ou Estado. Ele existe nos imóveis construídos até a década de 60 que nao tiveram a instalaçao de água trocada. "Naquela época, os canos eram de chumbo, mas hoje sao de outro material", explicou Mello.

Augusto Gomes lembra que a doença causada pelo excesso de chumbo na água é o faturnismo e nao há registro de casos no estado do Rio.

Mesmo assim, ele pretende divulgar a análise da água fluminense feita pelo Laqam para tranqüilizar a populaçao. "O laboratório dele nao tem sequer condiçoes técnicas para uma análise desse tipo", disse Gomes. "E a prova de que ele agiu de má-fé é que os resultados negativos só foram divulgados quando ele perdeu o convênio com a Cedae.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;