A Cia. Grite de Teatro volta a ser anfitriã para coletivos teatrais a partir do dia 4, em sua sede, a USCS (Universidade Municipal de São Caetano). O evento Outubro Ocupado, que vai mesclar espetáculos e leituras dramáticas no campus 1, é o novo formato para a mostra de processos realizada entre 2005 e 2007. Nos dois últimos anos a mostra, que não tem caráter competitivo, não ocorreu por falta de parcerias. Na época, apenas grupos da região participavam, também com apresentações e debates.

Agora, com a ocupação, o evento foi ampliado: mais tempo, mais espetáculos e mais companhias, incluindo também algumas da Capital. "A proposta é um levante mesmo. Os grupos e as pesquisas são múltiplos, com olhares divergentes, o que é muito bom para a ação teatral. Mas é todo mundo junto na busca de caminhos e parcerias", enumera o diretor da Cia. Grite, Kleber di Lázzare. "A grande questão dos grupos, além do investimento financeiro, é o espaço", completa.

No total, são 14 espetáculos (veja programação abaixo). O grupo de casa vai participar com dois programas. Comemorando o aniversário do espetáculo Mauá-Pirituba, O Expresso das Contradições, premiado pelo Mapa Cultural Paulista e pela Funarte, a Grite vai apresentar a ação Anos Sobre os Trilhos. No dia da estreia do Outubro Ocupado, os personagens da peça se espalharão pela USCS, numa performance gratuita.

A partir do primeiro fim de semana (dias 9 e 10), as peças terão ingresso pago (de R$ 7 a R$ 14). Já as leituras dramáticas e o debate com a Cia. do Feijão, de São Paulo, têm entrada franca (leia mais na reportagem abaixo).

Da região, além da Cia. Grite, a programação conta com seis representantes. De São Caetano, participam o ator Tin Urbinatti e os grupos Cia. Asfalto de Poesia e Cia. da M.A.T.I.L.D.E. De Santo André, estão confirmados o Teatro da Conspiração, a Cia. do Nó e o Teatro de Asfalto. Mais informações sobre as apresentações em www.outubroocupado.com.br.

HIATO
Nesses dois anos em que o teatro da USCS não abrigou mostras, o intercâmbio entre a Cia. Grite e outros grupos não diminuiu, garante di Lázzare. "Toda essa riqueza que foi abarcada com as mostras, estamos dividindo com o público por meio do Mauá-Pirituba, com o qual continuamos viajando. Se fizermos um contraponto entre as mostras, há uma evolução e um aprofundamento desse olhar", pondera o diretor da Grite.

Com tanta troca de ideias, os produtores menores também estão mais preocupados com questões que acabem por resgatar o público, acredita di Lázzare. "Estamos começando a sair de um estado perigoso que é levar para o teatro somente a questão egóica: ‘olha como sou profundo'. O teatro busca o caminho do diálogo, sendo simples no melhor sentido: emocionar e aproximar."

Outubro Ocupado Mostra teatral. De 4 a 31 de outubro. Na USCS - Av. Goiás, 3.400. Espetáculos (de R$ 7 a R$ 14), leituras dramáticas (entrada franca) e debate (entrada franca).

Agenda inclui leituras

Dentro do Outubro Ocupado, o ciclo de leitura dramática vai representar uma quase sempre inédita opção de entretenimento nas noites de segunda-feira, sempre às 20h. A partir da estreia, no dia 4, essa programação traz textos emblemáticos da linguagem dramatúrgica. A entrada é franca.

"Nós temos como objetivo investigar como a dramaturgia acompanha a formação do homem moderno, pelo olhar de quem encena, mas principalmente de quem escreveu", afirma Kleber di Lázzare.

A abertura será com Antígone, de Sófocles, encenado pelo Teatro de Asfalto. O grupo andreense convidou o diretor Sérgio Pires para conduzir a leitura.

Já no dia 13, a peça escolhida foi O Avarento, de Molière. Quem se encarrega da leitura é a Cia. do Nó, dirigida por Esdras Domingos.

A Cia. da M.A.T.I.L.D.E., que não participa na programação regular de espetáculos, apresenta no ciclo, sob direção de Érike Busoni, A Alma Boa de Setsuan, de Bertold Brecht.

Encerrando a programação de leituras, o primeiro grande dramaturgo moderno brasileiro: Nelson Rodrigues. A Cia. Grite de Teatro, que recebe os convidados, vai encenar O Beijo no Asfalto, sob direção de di Lázzare.

Obrigatório para quem está envolvido em pequenas companhias de teatro, a Roda de Conversa, Ética e Práticas de Gestão Coletiva com a Cia. do Feijão, no dia 21, vai falar justamente sobre aspectos burocráticos importantes para a sobrevivência desses coletivos. "É uma grande dificuldade para os grupos se organizar. Como sustentar um espaço, como conseguir patrocínio, as leis de incentivo, de que forma isso interfere no processo criativo. Tudo isso será abordado. O grupo vai mostrar sua própria vivência e abrir espaço para essas experiências. É muito agregador", diz di Lázzare. (Ângela Corrêa)

Espetáculos

Dias 9 e 10, às 20h. Depois de Tudo (com Tin Urbinatti/ SCS)

Dia 10, às 16h. TV sem Controle (com Cia. Asfalto de Poesia/ SCS)

Dias 15 e 16, às 20h. Cantos Periféricos (com Teatro da Conspiração/ SA)

Dia 17, às 16h. Viúva, Porém Honesta (com Os Caricatores/ SP)

Dia 17, às 20h. Senhorita Júlia (com Trilhas da Arte/ SP)

Dias 23 e 24, às 20h. A Dobra (com Cia. do Nó/ SA)

Dia 30, às 20h. A Queda (com Cia. do Asfalto/ SA)

Dia 31, às 16h. Folcloreando (com Paralelo Nobre/ SP)

Dia 31, às 20h. Homem Cavalo & Sociedade Anônima (com Cia. Estável de Teatro/ SP)