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Inadimplência sobe 22,3% no semestre
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
12/07/2011 | 07:30
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Marina Brandão/DGABC


As ações da União para conter a inflação, como o encarecimento do crédito e a elevação dos juros, têm efeitos colaterais perceptíveis no primeiro semestre. E o sabor é amargo: nesse período, a inadimplência subiu 22,3% no comparativo com o mesmo período do ano passado. É o maior índice em nove anos, quando, em 2002, cresceu 38,1%. O estudo é da Serasa Experian.

Para se ter ideia, durante todo o governo do ex-presidente Lula, o percentual máximo era de alta de 15,3% nos primeiros seis meses de 2006 - início do segundo mandato do ex-metalúrgico. Em 2010, os calotes tiveram recuo de 2,3%.

No acumulado de 12 meses, desde junho de 2010, o indicador cresceu 29,8% - também maior variação desde de 2002. Os calotes em junho subiram 8,1% sobre maio. Dívidas não bancárias - que incluem cartão de crédito e lojas - e cheques sem fundos tiveram elevação de 5,4% e 18,9%, respectivamente. O assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, ressaltou que os dados indicam que os brasileiros devem mais nos financiamentos de baixo custo.

Com facilidades no acesso aos empréstimos, a população ganhou estímulo para o consumo, apesar dos esforços do governo em esfriar a economia. Juros altos se somaram à falta de caixa para cobrir as despesas, elevando o indicador. "As medidas reduziram o poder aquisitivo porque aumentaram os gastos com alimentação, transporte, habitação. O consumidor que já tinha dívidas aproveitou para fazer novas no Dia das Mães e no Dia dos Namorados", diz Almeida.

Na região, o quadro é mais ameno. Tanto que os comerciantes ofereceram promoções aos clientes durante todo o primeiro semestre. O assessor da presidência da Associação Comercial e Industrial de Santo André, Nelson Pereira, afirma que houve queda de 41% no número de pessoas que ficam com o nome sujo na cidade, ao passar de 6.000 para 3.500 registros mensais.

O ganho extra da Participação nos Lucros e Resultados, sobretudo das montadoras, além do crescimento médio de renda, ajudaram o consumidor a pagar em dia o que devia. "Estamos com inadimplência em torno de 5%, mas deve subir novamente agora, por conta das férias, em que aumentam despesas com viagens."

O presidente da Acisa, Sidnei Muneratti, é enfático ao definir o cenário dos calotes na região. "Vivemos ainda num céu de brigadeiro", sustenta, afirmando que o efeito das medidas econômicas refletirão em menor escala até dezembro.

A Associação Comercial de Diadema afirma que tem inadimplência registrada em 18%, abaixo da média nacional. Apesar disso, o número é elevado, segundo o presidente Gildo Freire, ao dizer que a atividade comercial é impulsionada pela indústria local.

O presidente da Associação Comercial de São Bernardo, Valter Moura, prevê que o consumidor vai cortar despesas até dezembro e utilizar a primeira parcela do 13° salário para quitar empréstimos em atraso que foram contraídos ao longo do ano.




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