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Promotor diz que passagem de CPI pelo CE foi ridícula
Do Diário do Grande ABC
10/05/2000 | 18:02
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O promotor de Justiça Oscar D'Alva Filho afirmou nesta quarta-feira que a passagem da Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico da Câmara dos Deputados, por dois dias, em Fortaleza foi "ridícula" e "fantasiosa". Ele observou que "ela serviu mesmo foi de palanque para deputados com ânsia de aparecer na mídia nacional porque, de concreto mesmo, ela nao apresentou nenhum resultado". Testemunhas que tinham sido convocadas para depor nao compareceram porque estavam de férias à sede da Superintendência da Polícia Federal (PF), onde a CPI estava instalada. D'Alva Filho ironizou, ao sustentar que "tudo nao passou de uma grande encenaçao para os holofotes". Nesta quarta-feira, na Assembléia Legislativa, o deputado Pedro Uchoa (PSC) criticou o fato de a CPI ter ouvido duas testemunhas secretamente.

O deputado Magno Malta (PTB-ES), presidente da CPI, ao encerrar os trabalhos, às 2h30 desta quarta-feira, admitiu "uma ponta de frustraçao", por nao ter ouvido as principais testemunhas arroladas em Fortaleza. Ele afirmou: "Nao existe desculpas; todos terao seus indiciamentos solicitados pelo sub-relatório que será feito pela CPI; essas pessoas continuarao sendo caçadas dentro do País". Deixaram de ser ouvidos os empresários Alexander Diógenes Ferreira Gomes, mais conhecido como "Alex", dono da ACCTur, Fernando Antônio Fonteles de Moraes, Rodolfo Guimaraes de Moraes Júnior e Joao Kennedy Guimaraes, esses três, sócios da Rudy Constantino Corretora de Câmbio, uma das maiores casas de câmbio do Nordeste. Também nao atenderam à convocaçao da CPI os empresários Salomao Pinheiro Maia, Mussolini Pinheiro Maia e Gláucia Barbosa Pinheiro Maia.

O envolvimento das empresas ACCTur e Rudy Constantino Corretora de Câmbio na lavagem de dinheiro nao foi surpresa em Fortaleza. As duas vinham sendo investigadas desde 1999, quando, depois de terem cassadas as licenças para operar no mercado pelo Banco Central (BC), continuaram trabalhando. A Rudy Constantino Corretora funcionava num luxuoso prédio na Avenida Raul Barbosa, no segundo andar do prédio da Alemanha Autos, uma concessionária da Mercedes-Benz dirigida pelos irmaos Morais. A ACCTur é a holding de um grupo de sete empresas prestadoras de serviços, administrada pelo empresário por "Alex", que afasta, "por mínimo que seja", qualquer parentesco com o ex-governador e ex-ministro da Fazenda Ciro Ferreira Gomes.

O deputado Robson Tuma (PFL-SP) afirmou que "nao há dúvidas" do envolvimento do dono da Medical Devices, Joao Bosco Menezes de Castro, preso há 15 dias, em Foz do Iguaçu (PR), com US$ 1,5 milhao falsos, com "Alex" porque, na apreensao de documentos, taloes de cheques e contratos da empresa feita pela CPI, foi encontrada a senha que o empresário usava para receber dinheiro via ACCTur.

Tuma, no entanto, excluiu o envolvimento de "Alex", que também é doleiro, com o narcotráfico. A ACCTur, por meio de nota, informou que o diretor-presidente da empresa nao compareceu para depor porque estava em férias, mas que estaria disponível para colaborar tao logo retornasse. Ninguém soube dizer onde ele estava.




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