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Metalúrgico quer salário nacional
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
31/08/2002 | 20:20
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Os funcionários da Ford em Camaçari, na Bahia, poderão ganhar salários iguais aos de seus colegas em São Bernardo e Taubaté a partir de 2004. A expectativa é da CNM-CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos, da Central Única dos Trabalhadores), entidade que representa 900 mil metalúrgicos no país.

Empregados da Ford que se encontraram em julho com os representantes sindicais dos Estados Unidos (UAW) e do Canadá (CAW) têm nova reunião marcada para 12 e 13 de setembro. Além da definição de novos produtos para São Bernardo e Taubaté, eles discutem a equiparação salarial. “Em outros países, a Ford paga salários iguais em todas as unidades”, disse Fernando Lopes, secretário-geral da CNM-CUT.

A estratégia é começar pela eliminação das diferenças dentro de cada empresa para depois alcançar um piso nacional da categoria. A negociação acontece também dentro da Volkswagen, DaimlerChrysler (Mercedes-Benz) e General Motors.

Os sindicatos querem fechar primeiro o acordo social nacional dentro de cada montadora para só depois tocar na equiparação de salários. Se conseguirem, defenderão a criação de um padrão nacional, válido em todas as montadoras do país.

O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) faz um levantamento do custo de vida nas cidades em que as montadoras operam. A intenção é provar que o custo de vida é igual em todas as cidades onde estão instaladas.

Entre as cláusulas sociais, a mais importante é a representação no local de trabalho, por meio das chamadas comissões de fábrica, reconhecidas no Grande ABC mas fortemente rejeitadas em outros pólos industrias, como no interior de São Paulo.

O presidente da FEM (Federação Estadual dos Metalúrgicos), Adi dos Santos Lima, admite que os avanços estão a reboque das conquistas dos metalúrgicos europeus. Foi assim em 1984, na época da instalação das comissões de fábricas. Naquele ano, funcionários da Volkswagen e da Mercedes formaram comitês mundiais de trabalhadores. As montadoras não só são a favor dos comitês, como também editam códigos de conduta para reger as relações com seus empregados em todas as partes do mundo.

Adi afirma que o novo comportamento pode contribuir para eliminar contradições dentro das subsidiárias no Brasil. No contexto de equiparação mundial, vai soar sem sentido, por exemplo, que os trabalhadores da Mercedes de Juiz de Fora não tenham representação na fábrica, prática antiga em São Bernardo.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, da Força Sindical, apóia a iniciativa, mas com ceticismo. “Se jogarmos a toalha, não vamos conseguir nunca”, disse o presidente da entidade, Aparecido Inácio da Silva.




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