A Justiça Federal concedeu liminar ao procurador-geral da República em Tocantins, Márcio Avelar, impedindo o Exército de invadir o quartel do 1º Batalhão da Polícia Militar, em Palmas (Tocantins). No local, estão acampados cerca de 800 policiais armados com fuzis, metralhadoras e revólveres. Eles estão acompanhados de suas mulheres e filhos e se recusam a deixar o quartel enquanto não houver negociação com o governo do Estado. Entre as reivindicações dos PMs está um reajuste salarial de 47%.

Pela manhã, um oficial de justiça encaminhou ordem para a retirada das mulheres e crianças que estão no quartel, mas os manifestantes se recusaram a receber o documento. O Exército, porém, insiste em prender os líderes da rebelião, retirar as crianças do prédio e desocupá-lo totalmente. O local ainda está cercado e, na noite desta terça, a luz foi cortada novamente.

O governador do Tocantins, Siqueira Campos, afirmou que não vai negociar com a categoria enquanto a paralisação continuar. O impasse, portanto, ainda deve permanecer. “O momento do diálogo é quando houver a volta da normalidade. Todos têm que respeitar a lei. Não vou negociar com amotinados”, disse em entrevista à Rádio CBN.

Apesar da posição firme do governador, as negociações começaram na noite desta terça, mas até o início da madrugada de quarta nenhum acordo havia sido fechado. Representantes do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara intermediam as negociações.

Os policiais militares afirmam que não recuam enquanto Siqueira Campos não fornecer uma declaração por escrito garantindo que não haverá transferência de policiais e que a prisão dos 13 líderes do movimento será revogada.

O governador, porém, diz que é preciso obedecer as ordens da Justiça e que os PMs devem se entregar e não temer qualquer tipo de retaliação. Segundo Campos, o mandado de prisão foi expedido a esses policiais não pelo fato de serem líderes, mas porque cometeram crimes graves.

De acordo com o governador, alguns policiais já estão desistindo da greve. “Eu já tenho notícias de que as coisas estão indo bem”, disse. No entanto, há informações de que outros 500 policiais militares de outros quartéis do Estado, como Araguaina e Gurupi, devem seguir até Palmas para apoiar o protesto que conta com a adesão de quatro mil policiais.

O Exército já se prepara para uma maior adesão e bloqueou as estradas que dão acesso a Palmas e, principalmente, ao batalhão da PM. A segurança das principais cidades do Estado, principalmente da capital, é realizada por cerca de 900 soldados do Exército, enviados pelo ministro da Defesa, Geraldo Quintão.

Os soldados, que também realizam segurança em frente ao Palácio do Governo e na casa do governador Siqueira Campos, estão armados com pistolas e bazucas e trafegam em carros blindados e tanques do Exército.

Os moradores da região, inclusive as crianças, precisam apresentar documento de identidade e passar por revista para poder entrar em suas casas.