Mesmo sem nenhuma audiência pública, o polêmico projeto de lei do Executivo que prevê a privatização da ETCD (Empresa de Transporte Coletivo de Diadema) deve ser votado quinta-feira, em primeira discussão, na Câmara. Hoje à noite, o prefeito Mário Reali (PT), na condição de integrante do partido, participa da reunião da direção municipal petista para discutir a venda da empresa pública, que amarga dívida de R$ 110 milhões.

Reali tratará de assunto indigesto para os petistas: desestatização. Em 2006, foi a peça-chave para enfraquecer o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) no segundo turno da eleição presidencial. Os petistas jogam no tucanato a responsabilidade da política de privatizações no País.

Agora, o discurso ideológico ganha outro caminho em Diadema. A Prefeitura abrirá licitação para concessão das cinco linhas municipais operadas pela empresa. Para a administração, trata-se da "modernização do transporte público".

A reunião direcionará o posicionamento da bancada do PT para votação do projeto. "Temos de buscar consenso", afirmou Orlando Vitoriano, líder do prefeito no Legislativo.

O que foi confirmado ontem pelos petistas Irene dos Santos e José Antonio da Silva, o Zé Antonio, que é o líder da bancada. Radicalmente contrária à privatização, Irene criticou que não houve discussão das dívidas financeiras da empresa. Zé Antonio afirmou que a decisão de o projeto entrar ou não para votação nesta semana será da "reunião das lideranças" hoje à tarde, na Câmara.

Porém, nos bastidores, a reportagem apurou que existe a orientação do governo Reali para o que projeto seja votado "de qualquer forma" na quinta-feira. Outra determinação é que os petistas votem pelo ‘sim'.

Oposição, José Francisco Dourado (PSDB) acredita que a matéria seja aprovada. "Até com votos dos petistas", ironizou o tucano, que votará a favor. Trabalhadores e representantes de movimentos sociais, contrários à privatização, marcarão presença na sessão.