A retomada do prestígio do PT em São Caetano passa necessariamente pelo resgate de lideranças históricas do partido. Para apagar o pior resultado da história da legenda na cidade (em 2008 elegeu apenas um vereador), a cúpula municipal colocará em prática a estratégia de lançar à Câmara seus figurões, que militam na agremiação desde os anos 1980 e possuem histórico de mandatos no Legislativo e de candidaturas a prefeito.

Hamilton Lacerda, Vera Severiano, Jayme Tortorello, João Moraes e Ricardo Rios formam o quinteto responsável por tentar viabilizar o projeto, fruto da reconquista da união petista após longo período de turbulências. A principal delas, o suposto envolvimento de Hamilton na compra de dossiê contra tucanos durante a campanha ao governo do Estado de 2006. Um ano antes, o escândalo do Mensalão já havia motivado a saída de Vera do partido - foi para o Psol, mas retornou em 2010.

Juntos, Hamilton, Vera e Moraes ostentam dez mandatos na Câmara - os três já presidiram o PT. Os dois primeiros, assim como Jayme, já concorreram ao Paço. Apesar de não ter exercido mandato, Ricardo Rios já foi candidato a vereador e também presidente municipal, tendo histórico de parceria com Hamilton.

Pelos nomes com alto potencial eleitoral, o presidente, pré-candidato a prefeito e único vereador do partido em São Caetano, Edgar Nóbrega, projeta que a legenda conquiste, "pelo menos", três das 19 cadeiras da Câmara que serão disputadas em 7 de outubro. A "quantidade com qualidade" propicia também a formação de chapa pura no pleito proporcional, questão de consenso no diretório.

"A cidade reconhece que o PT vive momento diferente após o governo Lula. Quem via com ressalvas mudou, e hoje vê o partido maduro e paz e amor", avalia Edgar, ao constatar a falha que fez a sigla perder espaço. "Antes errávamos ao dizer que São Caetano não era uma cidade boa. Não era a melhor estratégia."

Otimismo - Mesmo nunca tendo vencido eleição à Prefeitura de São Caetano, o PT local sempre possuiu boa representação na Câmara. Nas eleições de 1982 e 1988, obteve quatro assentos; em 1992 e 2000, três; e em1996 e 2004, dois. "É chapa guerreira, de luta, de quem tem história no partido, que está com gás total. Viremos para rachar", projeta Vera. "É o caminho para retomarmos o prestígio que o PT sempre teve", reconhece Hamilton.