A derrota dos republicanos nas legislativas de terça-feira nos Estados Unidos acentuará a perda de peso político de seu principal aliado no Iraque, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que, segundo os analistas, está muito preocupado com o resultado das eleições americanas.

"Blair está muito preocupado com os resultados da votação de terça, que foram (para George W. Bush) um sinal claro de mudança no Iraque", afirmou o especialista em Oriente Médio da Universidade de St. Andrews, na Escócia, dr. Ali Ansari.

"Acho que a derrota dos republicanos vai ter sérias conseqüências sobre Blair, especialmente porque o Congresso americano vai começar a lançar uma série de investigações sobre o processo que levou à guerra no Iraque e sobre a condução dessa guerra”, afirmou Ansari.

Outro analista especializado em Oriente Médio, George Asseily, destacou que é incontestável que, depois dos resultados eleitorais nos Estados Unidos, haverá mudanças na política de Washington em relação ao país árabe, às quais Blair terá de se ajustar.

"Há uma semana Bush dizia que Donald Rumsfeld ia continuar dirigindo a guerra. E, depois dos resultados, Rumsfeld foi a primeira vítima", exemplificou o especialista.

Em compensação, a ministra das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Margaret Beckett, tentou minimizar nesta quinta-feira o impacto da votação americana na política quanto ao Iraque, ao afirmar que não trará mudanças importantes. Segundo Beckett, os resultados eleitorais nos Estados Unidos provocarão apenas uma reavaliação da política em relação ao Iraque.

Segundo a parlamentar liberal democrata da Grã-Bretanha Diana Wallis, depois da derrota sofrida por seu aliado, Blair poderá sentir que não vale a pena continuar lutando para ficar no governo.

"Acredito que os britânicos vão ver os resultados dessas eleições e usarão a próxima rodada de eleições locais, em maio próximo, para expressar sua desaprovação de Blair", concluiu.