Economia Titulo Na ponta do lápis
Deixar de comer fora gera economia de 9%

Chefs de cozinha dão dicas de como gastar menos reaproveitando alimentos

Marina Teodoro
Do Diário do Grande ABC
15/05/2015 | 07:10
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Claudinei Plaza/DGABC



Um quarto da renda mensal familiar, aproximadamente, é destinada à alimentação. Devido à sua representatividade, esse costuma ser o caminho mais rápido para que o brasileiro sinta no bolso o peso da inflação. Driblar a escalada dos preços é possível a partir de mudanças simples de hábitos. Uma delas é deixar de comer fora, considerando uma família que costuma fazer refeições em restaurantes de vez em quando. Dessa forma, é possível reduzir em 9% os gastos com alimentos.

O montante, estimado pelo professor de Economia do Mackenzie Agostinho Pascalicchio, leva em conta como base de cálculo o indicador oficial da inflação, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que abrange famílias com rendimentos de um a 40 salários mínimos (de R$ 788 a R$ 31.520) que vivem em áreas urbanas, para as quais 25% da renda mensal é destinada à alimentação. “Sabemos que nem sempre é possível conter os gastos quando se trata das refeições, mas o dinheiro pago para comer fora de casa representa 9% desse percentual, o que pode ser evitado.”

O professor comenta que o vínculo com o dólar devido a alguns alimentos, como carne e leite, serem commodities, o peso logístico (gastos com combustível) e região produtora mais afastada do comprador são índices que colaboram para a alta dos preços. “Para driblar a inflação é preciso mudar o comportamento, e preparar os alimentos dentro de casa é uma solução que vai fazer diferença no bolso”, assinala Pascalicchio.

Outra mudança deve ser feita ao dar preferência a produtos sazonalmente mais baratos. “Na feira, a diferença de custos dos produtos da época é ainda maior”, ressalta.

FEITO EM CASA - Para melhorar o cardápio da semana, especialistas em culinária oferecem dicas criativas e úteis que, além de darem nova cara ao menu, também ajudam a economizar.

O chef de cozinha Gustavo Henrique Rossi, de Santo André, afirma que todos os alimentos podem ser “retransformados”. “Tudo pode ser reaproveitado de alguma forma, só é preciso ter alguns cuidados na hora do preparo”, explica. Um dos jeitos de recuperar pratos, é fazendo deles um caldo, conforme ensina Rossi. “Um ensopado feito mais cedo, pode se tornar um caldinho na refeição seguinte. Escarola também dá para fazer dessa maneira.” O mesmo serve para carne com legumes que, se sobrarem, dá para bater e fazer um creme.

Ao congelar, alguns alimentos prolongam o prazo de validade, além de evitar o desperdício. “Farofa, legumes e verduras são itens que podem ser levados ao refrigerador quando sobrarem.” Mas, para economizar, o chef destaca que o mais importante é a organização. “Ao cozinhar pense para quantas pessoas a refeição está sendo preparada. Alguns alimentos depois de cozidos não podem ser reaproveitados.”

Dica valiosa para quem vai preparar um prato para a família é separar em porções. O feijão por exemplo, “pode ser cozido em grande quantidade, e depois deve ser separado em potes e colocados no congelador. Assim, além de ser mais prático e economizar gás, preserva o sabor, e então só é preciso refogar para ficar pronto”, ensina Rossi. A ideia também pode ser aplicada para carnes.

Para complementar o menu cotidiano, purês são bem-vindos. “Além de darem um sabor especial, legumes costumam ser ingredientes bem acessíveis, e podem compensar o arroz e feijão, diminuindo o consumo desses alimentos.”

Porém, não são só nos pratos comuns que a economia pode ser feita. Com criatividade, Rossi diz que até a sobra da feijoada pode se transformar em um bolinho especial. “O bolinho de feijoada tem receita fácil, que também dá para congelar e consumir depois.”

Para sair da mesmice, o chef de cozinha Arthur Sauer, também de Santo André, indica algumas receitas baratas que fogem do cotidiano. “Um dos ingredientes que é mal explorado ou, às vezes, menosprezado, é a polenta. Além de poder fazer ela mole, pode ser feita gratinada, grelhada, frita etc. A polenta é muito eclética. Pode ser usada a quirera também, que é aquele alimento para pássaros. Funciona muito bem para fazer polenta mole cozida”, comenta.

Outro prato que o chef aprova são os ragus que podem ser feitos com linguiça, carne de panela e rabada, por exemplo. “Ragu nada mais é do que uma carne cozida durante muito tempo até que desmanche. É fácil e muito saboroso de se fazer. Só demora um pouquinho.” Modo rápido e prático de inovar é no preparo de molhos diferenciados para as massas. “Utilizando criatividade e poucos ingredientes, é possível criar os mais variados tipos de molhos”, afirma Sauer.

A vendedora Alícia Martins, 48 anos, de Santo André, segue a dica do chef e aprova. “Utilizo alguns itens que cozinhei na semana e sobraram, como carne e frango, e coloco no molho do macarrão.” Ela também afirma que a economia estimula a criatividade. “Assim que vejo que a comida vai ser mais do que suficiente, penso no que fazer com ela.” Ao tomar estas medidas, Alícia só vê vantagens . “Meu marido adora o arroz de forno que faço com ingredientes que já haviam sido preparados, pelo sabor e, principalmente, pela economia.”

SUSTENTÁVEL - Para evitar o desperdício, o projeto Lixo Luxo produz vídeos na internet com receitas feitas a partir de alimentos que geralmente acabam sendo desprezados. Uma das integrantes, a cozinheira e foodstylist Denise Guerschman, de São Caetano, comenta sobre o preparo dos pratos. “Costumo testar receitas com o que normalmente vai para o lixo, não para o prato”, afirma Denise, que cria junto com sua equipe menus que custam menos de R$ 2, como a receita de cascas de batata com bacon, disponível na internet. 




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