Memória Titulo Memória
Nasce a indústria pesada nacional

O estudo acadêmico de Rogério Durante para a USCS chamou a atenção...

Ademir Medici
13/05/2015 | 07:00
Compartilhar notícia


O estudo acadêmico de Rogério Durante para a USCS (Universidade Municipal de São Caetano) – Mercedes-Benz do Brasil: projeto governamental, mão de obra e desenvolvimento do ABC – chamou a atenção do advogado Nevino Antonio Rocco, de São Bernardo.

Dr. Nevino, que também é jornalista, voltou ao tempo em que atuou na Brasmotor e conviveu com os pioneiros do que chama da indústria pesada, aqui mesmo, no seu São Bernardo. São múltiplas informações, nomes que não estão todos no Google, mas que não podem ser esquecidos.

Este verdadeiro ensaio de memória de Nevino Antonio faz justiça a personagens que vão do presidente Getúlio Vargas ao publicitário Eugênio Malanga, que foi nosso professor de Publicidade na Cásper Líbero. Segue a primeira parte das boas lembranças de mestre Nevino.

Da linha branca, a lavadora

Texto: Nevino Antonio Rocco

Muito interessante o resgate do nascimento da indústria automobilística (Memória, 2 de abril). Trouxe-me saudades. Enfim, justiça a Getúlio Vargas, que soube aproveitar do produto da nossa borracha, à época única no mundo, supervalorizada, no final da Segunda Guerra.

Enquanto seus produtores aplicavam em Manaus, ele tratou de implantar a siderurgia. Nascia a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), em Volta Redonda. Depois, criou o Grupo Executivo da Indústria Automobilística, famoso Geimec, que, ano e pouco depois, em fins de 1954, justificava decreto proibindo a importação de veículos acabados, prontos para uso, fixando as primeiras etapas de nacionalização.

Era preciso dar vazão à produção da CSN. A Brasmotor tinha embarcados, nos Estados Unidos, 1.500 caminhões para montar aqui. Adquiridos com a cláusula FOB (Free on Board), à vendedora, Chrysler, não podiam ser devolvidos. Graças a um mandado de segurança, chegaram no fim de 1955, em parte deteriorados. Dizia-se que de dois dava um.

A Brasmotor já possuía instalada a maior prensa do Brasil (80 toneladas) e produzia estampados. Daí que os primeiros caminhões brasileiros, que deveriam ter um mínimo de 10% do peso em partes nacionais, saíram com a cabine da Brasmotor adaptada.

Os Mercedes-Benz 1956, com aquele cofre em forma de paralelepípedo, à frente de uma cabidona larga modelo Chrysler, a mesma dos Dodge, De Soto e Fargo. Idem nos modelos Chevrolet Brasil, Nasch e Ford.

Em 1960, já morto o fundador da Brasmotor, Miguel Etchenique, seu filho Hugo Miguel, meu saudosíssimo chefe, e demais dirigentes e acionistas optaram pela linha branca, passando a dedicar-se à fabricação de fogões, geladeiras, máquinas de lavar roupa (Eugênio Malanga, da Panam Propaganda, chamou-a de lavadora e criou o logotipo da Brastemp). Foi então que a Brasmotor perdeu alguns dos seus melhores técnicos para a Mercedes, a Willys e a Volkswagen junto com instalações próprias para a nova indústria.

Toda a instalação para pintura de veículos foi para a Volks da Via Anchieta. O engenheiro Willy Bruske foi para a Mercedes, que, diziam, pagou-lhe em dobro a indenização a que faria jus por sua estabilidade de mais de dez anos na Brasmotor, além de salário maior.

Emil Schmidt, famoso na Brasmotor como o engenheiro que conhecia o aço pelo cheiro, foi para a Willys e, ao que transpirou na época, foi quem resolveu o problema da têmpera dos blocos de motores fundidos pela Sofungen. Antes dele, arrebentavam com 1.000 quilômetros e a maior prejudicada era a Scania que vendia com garantia de 10 mil...

Juscelino Kubitschek, com seu plano de metas, agregou-lhe novo impulso. Por fim, o Código Tributário, editado no governo Castelo Branco, isentou de impostos a transferência, para cá, de fábricas completas, bem como o trator, o caminhão, o ônibus e a ambulância.

AMANHÃ

Lembranças de um office-boy

Município Paulista

- Hoje é o aniversário de Cajobi. Elevado a município em 1920, quando se separa de Olímpia, na região de Barretos.

Hoje

- Dia da Fraternidade Brasileira

- Dia da Abolição da Escravatura

- Dia do Automóvel

- Dia da Estrada de Rodagem

- Dia do Zootecnista

Diário há 30 anos

Domingo, 12 de maio de 1985 – ano 28, nº 5823

Ilhas verdes – Deputados responsabilizam prefeitos pela agressão à natureza; propostas para salvar a Pastoril, em Ribeirão Pires.

Comunicações – CTBC (Companhia Telefônica Borda do Campo) considera inviável sua absorção pela Telesp.

Polícia – Roubo de cabos ameaça colapso no tráfego de trens. Reportagem: Suzete Davi.

Futebol – Ontem, no Morumbi: São Paulo 0, Santo André 0.

Feira da Fraternidade – Lances anotados por Claudete Reinhart: ‘Amigos de Eliseu Fedri comentam que ele treinou durante um mês para poder tirar o chope no ponto certo na lanchonete do Rotary Norte; por seu lado as senhoras do clube estão se saindo muito bem com os hot-dogs.’

Em 13 de maio de...

1915 – São Paulo inaugura monumento no Prado da Mooca em homenagem aos arrojados voos realizados por Edu Chaves em São Paulo.
A guerra. Do noticiário do Estadão: ‘Os hospitais de Constantinopola’.

1925 – Fundado, em São Caetano, o Cerâmica Futebol Clube.

1930 – Clube de Xadrez de Santo André celebra festa comemorativa ao 13 de maio na Granja Martinelli. Irmãos Martinelli oferecem um boi para o churrasco.

- Inaugurada a nova estação inicial da Estrada de Ferro Sorocabana, atual Julio Prestes, onde está a Sala de Concertos São Paulo.

- A transição da velha para a nova República. Do noticiário do Estadão: ‘Em discurso proferido em Porto Alegre, Getúlio Vargas diz porque, ainda em meio da campanha presidencial, sugeriu a retirada de sua candidatura’.

1960 – A Comissão Executiva Soviética de Intercâmbio de Produtos visita a Cofap-Thompson – Cia. Fabricadora de Peças, em Santo André. Seus membros são recebidos pelo presidente da Cofap, Abraham Kasinski.

1970 – Associação Cultural e Recreativa Luiz Gama, de São Caetano, lembra o 82º aniversário da abolição da escravatura no Brasil.

- Jordão Vecchiati assume a presidência da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do ABC.

- Câmara aprova decreto-lei do presidente Medici que institui a censura prévia a livros e periódicos.

Santos do dia

- Nossa Senhora da Purificação. Atribuída a Frei Agostinho de Jesus. Século 17.

- Imagem faz parte da exposição Barro Paulista: a tradição bandeirante do imaginário em barro cozido. Em cartaz no Museu de Arte Sacra, Capital (Avenida Tiradentes, 676, bairro da Luz).

Século 17

Texto: Dalton Sala

- Na Baixada, os jesuítas tinham uma olaria em sua fazenda de Cubatão.

- Em Santos, funcionava um forno junto à igreja franciscana de Santo Antônio do Valongo e outro junto ao Mosteiro de São Bento de Santos.

- No Litoral havia ainda a olaria franciscana em São Sebastião, junto ao convento de Nossa Senhora do Amparo (ainda hoje, as vizinhanças do convento retêm a memória e chamam o bairro de Olaria).

- Nossa Senhora de Fátima

- Júlia Biliart

- Glicéria 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;