Economia Titulo Seu bolso
Inflação desacelera e fica em 0,71% no mês

Apesar da queda ante março, IPCA chega a 8,17% no acumulado de 12 meses, segundo IBGE

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
09/05/2015 | 07:13
Compartilhar notícia


A inflação oficial do País teve desaceleração em abril, chegando a 0,71% – menor taxa em 2015. No acumulado de 12 meses, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) atingiu 8,17%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – 0,04 ponto percentual a mais do que a soma do período de um ano encerrado em março (8,13%). É o maior índice desde dezembro de 2003.

Considerando apenas os meses de abril, a variação de 0,71% é a maior desde 2012, quando o índice mensal ficou em 0,64%. A estimativa do mercado financeiro é a de que, em dezembro, a inflação acumulada nos 12 meses alcance 8,26%, conforme o último relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central. A meta para 2015, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4,5%, podendo chegar ao teto de 6,5%.

No entanto, desde janeiro, a inflação vem superando o teto da meta mensalmente. Por esse motivo, o professor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Volney Aparecido Gouveia, especialista em conjuntura econômica, considera que o governo federal deve rever a política de juros. No fim de abril, a taxa básica de juros (Selic) foi elevada de 12,75% para 13,25% ao ano, com o objetivo de desestimular o consumo e, assim, tentar conter a alta nos preços. “A Selic tem se mostrado ineficiente para combater a inflação. Ainda que tenha havido queda, o patamar atual é muito elevado.”

Na comparação com março, quando o índice atingiu 1,32%, a desaceleração em abril foi de 0,61 ponto percentual. Para Gouveia, o motivo foi a interrupção nos reajustes de tarifas públicas, como energia elétrica, água e telefonia, além dos preços dos combustíveis. Todos esses aumentos são repassados para os custos de mercadoria e mão de obra, provocando elevações subsequentes. “Os reajustes foram feitos entre dezembro e março e já foram incorporados aos preços finais.”

Em junho, entretanto, a previsão é a de que o IPCA volte a subir. Isso porque a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) irá aplicar reajuste de 15,24% nas contas de água. O último aumento ocorreu em dezembro, de 6,49%. E, em julho, as tarifas de energia elétrica para os clientes da AES Eletropaulo serão corrigidas. O índice ainda não foi definido, mas a agência propôs que a elevação seja de 15,16%. Em março, as contas da concessionária já haviam sofrido acréscimo de 31,9%.

Para o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, os reajustes deverão forçar o governo federal a elevar ainda mais a taxa Selic, que, na opinião dele, deve chegar a 14% até o fim do ano. “O Banco Central terá de subir os juros para combater a alta dos preços livres.”

Sobre a perspectiva da inflação para 2015, Balistiero avalia que o índice deverá ficar entre 8% e 8,5%. “Dificilmente vamos cair para um patamar abaixo de 8%. E, se isso acontecer, não necessariamente será uma notícia boa, pois (essa eventual queda) seria a custo de uma recessão.”

Gouveia também enxerga tendência de novas quedas ao longo do ano. “A economia do País está andando de lado. Isso não gera a menor pressão sobre os preços”, acrescenta. As projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) mostram a estagnação citada: o Ministério do Planejamento estima que o PIB cresça apenas 0,8% em 2015.

GRUPOS - A variação de 0,71% no IPCA foi puxada, principalmente, pelo grupo de Saúde e cuidados pessoais (1,32%). Dentro desse universo, os remédios ficaram 3,27% mais caros em abril. Os gastos com energia elétrica também pesaram 1,31% no mês passado. As despesas com alimentação e bebidas subiram 0,97%. Nos segmentos de habitação e vestuário, a elevação foi de 0,93% e 0,91%, respectivamente. Não houve deflação em nenhum dos grupos que compõem o índice de inflação oficial.

No setor de serviços, Balistiero avalia que o aquecimento ainda é consequência do aumento do poder de compra da população nos últimos anos. “O acesso, pela primeira vez, de pessoas com renda um pouco mais alta a alguns tipos de serviços que, antes, não usufruíam. Então, as empresas reveem as margens de lucro sem haver queda de demanda.”
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;