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Preços dos imóveis perdem da inflação

Valor do metro quadrado em cidades da região mostra tendência de retração, segundo o Fipezap

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
07/05/2015 | 07:18
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Marina Brandão/DGABC


Os preços dos imóveis na região se mantiveram com trajetória de queda real em abril, ou seja, os valores até sobem, mas bem abaixo da inflação. É o que demonstra o Índice FipeZap, desenvolvido pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica) e pelo portal Zap Imóveis. O indicador acompanha o custo médio do metro quadrado de apartamentos prontos (novos e usados) em 20 municípios no País, entre os quais Santo André, São Bernardo e São Caetano, com base em anúncios da internet.

Na comparação dos últimos 12 meses até abril, esta foi a quarta vez seguida que o índice apurou aumento do metro quadrado abaixo da taxa inflacionária acumulada. Na média das 20 cidades, houve elevação de 5,25%, enquanto o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é estimado em 8,16% no período – de acordo com as projeções do mercado, já que os números oficiais da inflação só saem amanhã.

Os três municípios do Grande ABC que estão no levantamento seguem o movimento geral de preços de imóveis observado no País. Apesar de Santo André e São Bernardo terem registrado elevações – respectivamente, de 0,84% e 0,80% nos valores do m² (metro quadrado anunciado) – que ficaram ligeiramente acima da inflação para abril (em relação a março) – projetada em 0,70% –, os imóveis seguem com altas bem menores na variação anual (em relação ao mesmo mês de 2014) do que o custo de vida.

Os preços em Santo André e São Bernardo acumulam, pela ordem, 6,13% e 6,97% de reajuste, por esse comparativo anual, e variações, respectivamente, de 1,53% e 2,05% no primeiro quadrimeste de 2015, enquanto a taxa inflacionária ficou 4,55% no ano.

No caso de São Caetano, que tem média do m² (R$ 5.686) bem mais cara que a de Santo André (R$ 4.959) e São Bernardo (R$ 4.706), os aumentos são em ritmo ainda menores. No mês, houve alta de apenas 0,27% e, no acumulado de 12 meses, incremento de 4,5%, ou seja, quase a metade do IPCA, de 8,16%.

QUEDA NA DEMANDA - Para o economista da Fipe Raone Costa, a trajetória de queda real de preços é explicada pela situação atual da economia. “Foram vários anos de valorização dos imóveis, em que a renda do trabalho subiu muito e as condições de crédito melhoraram. Agora, o rendimento cresce menos e, em alguns casos, tem variação negativa. Os juros voltaram a subir e a competição com a inflação também está desigual, porque o custo de vida subiu muito.”

“As pessoas estão inseguras. Até tem procura, mas negócios mesmo são poucos, pois elas acabam adiando a compra”, diz o delegado do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo) no Grande ABC, Alvarino Lemes.

E a perspectiva é de continuidade desse movimento de redução dos valores do m². Isso porque, segundo Costa, o FipeZap de abril ainda não capta o impacto da medida da Caixa Econômica Federal que reduziu, a partir desta semana, o teto do financiamento de imóveis usados pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação), de 80% para apenas 50%. Ou seja, para apartamento de R$ 300 mil, a pessoa só poderá financiar R$ 150 mil, e a outra metade terá de vir de recursos próprios. “A tendência é de queda (do valor do m²)”, diz o economista.

A Caixa, ao desestimular a venda do usado, dificulta também os negócios de novos. “Quem tem imóvel de menor valor precisa vender através de financiamento, o que ficará mais difícil de se obter e, consequentemente, os de maior valor também serão afetados”, afirma o empresário Miguel Colicchio Neto, o Guta.
Além disso, o Banco do Brasil anunciou que vai elevar, a partir do dia 18, os juros dos financiamentos imobiliários. Passarão de 9,9% ao ano mais TR (Taxa Referencial), para 10,4% mais TR.

OPORTUNIDADES - Com a baixa de preços, esse pode ser um bom momento para comprar, se a pessoa tiver recursos guardados, e, principalmente se for para morar, segundo Guta. Ele cita que um apartamento em bairro nobre em Santo André de 200 m² com três vagas de garagem pode ser encontrado hoje por R$ 700 mil. “O preço normal é R$ 900 mil”, diz.

Para investidores, ele considera que, se não houver pressa no retorno do valor investido, pode ser interessante. “O mercado não vai continuar assim por muito tempo, a economia precisa melhorar”, assinala o empresário. O economista da Fipe cita que, como os preços tendem a continuar caindo nos próximos meses, se o investidor com dinheiro em caixa esperar um pouco, pode obter preço ainda melhor.
 




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