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Superintendente ignora problemas em farmácia do Mário Covas

Pacientes sofrem com longas filas de espera para
retirar medicamentos no complexo estadual de saúde

Daniel Macário
Especial para o Diário
07/05/2015 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Descaso. Essa é a palavra encontrada por usuários da rede pública para resumir o atendimento oferecido no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, prestes a completar 13 anos. Pior, responsáveis pela unidade se recusam a ver como usuários são tratados.

Pacientes sentados no chão por falta de cadeiras em número suficiente e até idosos e mulheres com crianças no colo aguardando em pé por até cinco horas. Essa foi a situação encontrada, novamente, pela equipe do Diário ontem pela manhã em visita à Farmácia de Componentes Especializados do complexo. Responsável por atender pacientes dos sete municípios do Grande ABC, a unidade permanece sem soluções para problemas já noticiados. Além disso, é mantida a filosofia da direção, que prefere se calar diante do cenário caótico.

A espera de uma hora e meia para atendimento da aposentada Maria Margarida dos Santos, 69 anos, é apenas um dos casos que comprovam o descaso. Moradora de Diadema, a paciente foi diagnosticada há três anos com problema de enfisema pulmonar. Desde então, necessita usar carrinho com dois cilindros de oxigênios 24 horas por dia. Mesmo assim, sua necessidade por atendimento prioritário não foi respeitada . “É sempre assim. Demora todas as vezes que venho aqui, mesmo eles sabendo que uso cilindro e não posso ficar muito tempo na espera. Pior de tudo é que são remédios caros e não posso me dar ao luxo de comprar”, desabafa a usuária.

Por volta das 10h, a desempregada Cleonice Borges, 48, aguardava 123 senhas para ser chamada. “Cheguei aqui às 8h25 e havia 200 pessoas na minha frente. Sorte que estou sem compromisso, mas isso é um descaso. Eles mudaram o sistema e tudo piorou.”

A situação não foi diferente para a cabeleireira Tereza Pereira, 61, diagnosticada com lúpus. “Desde a hora que cheguei (7h46) não para de chegar gente. Além de perder o dia de trabalho, ainda preciso ficar aqui fora esperando. Lá dentro está sem condição.”

Após aval da assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado, o Diário convidou o superintendente do Hospital Mário Covas, Desiré Carlos Callegari, e seu adjunto, Eduardo Grecco, para acompanharem o atendimento da unidade. Os diretores se comprometeram a realizar a vistoria após término de reunião, entretanto, a equipe do Diário aguardou por duas horas e meia e não foi atendida. Os profissionais recusaram-se a ver a situação de seus usuários alegando ter outra reunião na sede da Pasta, na Capital.

O Estado informou que em virtude do elevado número de feriados existentes recentemente, a quantidade de dias úteis para agendamento ficou reduzido e, logo, a quantidade de pacientes agendados para cada dia aumentou. Em média são feitos 1.500 atendimentos na unidade por dia e ontem, foram contabilizados 1.700 até às 15h.

Equipe do Diário é impedida de permanecer na recepção do local

Durante o período em que a equipe do Diário aguardava posicionamento sobre a entrevista com o superintendente do Hospital Mário Covas, Desiré Carlos Callegari, seguranças do complexo de Saúde intensificaram a fiscalização nas ações da reportagem, intimidando sua entrada nas dependências da Farmácia de Componentes Especializados.

Após acompanhar durante 30 minutos todos os passos desta equipe, o responsável pelo departamento informou que a entrada do Diário estava proibida na sala de espera da farmácia de alto custo.

“O pessoal da comunicação informou que vocês estavam presentes, por isso, passei o rádio para outros funcionários informando o perfil seu e do fotógrafo. Infelizmente, a entrada de vocês não está autorizada nessas dependências do hospital”, informou colaborador responsável pela segurança do complexo hospitalar.




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