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Cerveja tem mais
tributo que líquido
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
23/02/2011 | 07:15
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O Brasil realmente é o País dos impostos. Nem para se divertir os consumidores conseguem uma trégua. Para se preparar e curtir o Carnaval, a festa mais popular do ano, cerca de 50% do que os foliões gastam vão diretamente aos cofres públicos estaduais e federais.

É o caso da cerveja, que tem seu consumo intensificado durante o feriado, mas que por ser considerado item supérfluo, possui tributação alta: 54,8% de seu preço são impostos. Em outras palavras, em uma latinha de R$ 1,50, mais da metade, R$ 0,82 é tributo. Em um pacote com 12 latas, em que se paga R$ 18, a carga é de R$ 9,86.

Os refrigerantes têm peso parecido. Se for pago R$ 1,30 em uma latinha, 45,8%, ou R$ 0,60, vão para os impostos. Isso é o que aponta o levantamento realizado pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).

A maior surpresa, entretanto, fica por conta da água mineral. Uma garrafinha de R$ 1 tem R$ 0,43 só de impostos. Isso porque água é necessidade básica, e não deveria ter uma carga tão alta assim. "A água é tributada por conta do engarrafamento. É o seu processo de industrialização que encarece o produto e é onde aparecem os impostos. O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ICMS (Imposto sobre a Comercialização de Mercadorias e Serviços) dela são muito altos", justifica o presidente do IBPT, João Eloi Olenike.

O tributo que mais pesa no preço desses itens, segundo Olenike, é o ICMS. Do total da carga, cerca de 23% correspondem ao pagamento do tributo estadual.

O item que tem mais saída no Carnaval e que possui a menor incidência de impostos é a camisinha: 18,75%. "Como os preservativos são vistos como questão de saúde, sua carga tributária é menor."

ADORNOS - Dentre os diversos adornos comercializados no período, o destaque fica por conta do colar havaiano; 46% do seu preço de venda vão para os impostos.

Questionado sobre a alta carga incidente sobre esse produto que utiliza apenas flores e canudos de plástico e linha em sua composição, Olenike explica que o IPI tem a mesma alíquota para diferentes itens de plástico. Ou seja, um plástico rígido que componha um automóvel ou um plástico fino que seja utilizado para encapar caderno têm a mesma carga.

"O brasileiro não pode se divertir. É a essa conclusão que chegamos. Se os impostos fossem menores, o acesso aos produtos não seria restrito. As pessoas poderiam comprar mais e as crianças, se divertiriam mais."

 

Fantasias e colares havaianos são os mais vendidos no período

As fantasias muitas vezes encantam só de olhar. Mas, em seguida, já desapontam por conta de seu alto custo. Quanto mais detalhes possui, mais cara ela é.

Deolisse Fortes Mori, proprietária de uma loja de fantasias do Centro de Santo André, lamenta a quantidade de impostos que encarecem ainda mais o item. "Esse é uma problema não somente das fantasias. Mas de todos os produtos. Os impostos são muito altos, então menos pessoas podem ter acesso a eles."

Por conta disso, o que tem maior saída neste período são as fantasias populares - bailarina, fada, Pedrita -, que são vendidas entre R$ 35 e R$ 60. Desse total, de R$ 12,70 a R$ 21,84 vão aos cofres públicos estaduais e federais (36,41%).

Do colar havaiano, cuja dúzia custa R$ 4,50, quase a metade, 45,96% corresponde à carga tributária: R$ 2,06.

Também têm bastante saída máscaras, que vão de R$ 1,50 a R$ 30, confetes (R$ 1) e serpentinas (R$ 4 com 20 rolos). São pagos em impostos, respectivamente, de R$ 0,65 a R$ 13,1, R$ 0,43 e R$ 1,75. "É muito dinheiro."




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