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Desemprego cresce e atinge 147 mil pessoas na região

Em um mês, são mais 9.000 profissionais sem ocupação; cresce a procura por vagas

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
30/04/2015 | 07:25
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A piora no cenário econômico fez com que a taxa de desemprego aumentasse em março no Grande ABC. De acordo com pesquisa do Seade e do Dieese, existem 147 mil pessoas sem emprego nos sete municípios – em um mês, a região ganhou 9.000 desempregados.

Pelo estudo, o número de trabalhadores sem ocupação representa 10,5% da PEA (População Economicamente Ativa, ou seja, o total de pessoas empregadas ou em busca de colocação). É mais do que o registrado em fevereiro, quando o índice estava em 10%, mas ainda fica abaixo dos 11,1% observados em março de 2014.

A pesquisa, que considera todo tipo de emprego (com e sem carteira e autônomos) aponta ainda que, apesar de ter havido geração de vagas (14 mil) no mês passado, esse volume de postos a mais foi insuficiente para absorver a quantidade dos que ingressaram no mercado de trabalho – ou seja, o crescimento da PEA, em 23 mil. Segundo o economista do Dieese Thomas Jensen, tradicionalmente cresce o número de pessoas em busca de emprego em março, passados os períodos de férias e do Carnaval.

Além disso, as dificuldades da economia, com demanda fraca e inflação elevada, fazem com que diversos setores adiem contratações ou ampliem demissões. Outro levantamento, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, que contabiliza só empregos com carteira assinada informados pelas empresas ao governo, mostrou que foram fechadas cerca de 1.252 vagas formais em março.

No estudo do Seade/Dieese o setor industrial não foi o vilão dos cortes de empregos no mês. Boa parte das vagas geradas em março foi entre as fabricantes, com 19 mil postos a mais (alta 7%), porém, o patamar de empregos industriais segue bem mais baixo que há 12 meses, quando havia 44 mil postos a mais nas fábricas da região.

O comércio abriu 5.000 oportunidades (2,4% a mais). Na contramão, setores de serviços eliminaram 15 mil vagas, redução de 2,2%. Nesse último segmento, houve forte queda em áreas ligadas à atividade produtiva, como a que engloba informação e comunicação (recuo de 10,1%) e transporte e logística (-8,4%), aponta Leila Gonzaga, economista do Seade.

É preciso ressaltar, ainda, que houve expressivo aumento de autônomos, de 12,5% de vagas entre profissionais desse tipo que atendem empresas, como consultores e contadores. “Com as dificuldades das empresas, algumas podem demitir os que são registrados e chamar os sem registro”, diz o vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato.


Tendência é de piora no mercado de trabalho

A perspectiva é de piora do mercado de trabalho nos próximos meses na região, segundo os analistas do Seade/Dieese. O economista Thomas Jensen, do Dieese, cita que o rendimento médio do trabalhador vem em queda e, com inflação em alta e fraco crescimento econômico, os salários devem continuar caindo, o que levará pessoas que hoje não estão no mercado de trabalho (como jovens e donas de casa) a procurar emprego. “Com isso, tende a crescer a taxa de desemprego”, diz.

Em fevereiro, na comparação com mesmo mês do ano passado, o rendimento médio real (ou seja, já descontada a inflação) do total de ocupados no Grande ABC passou a R$ 2.163, o que significa queda de 4,3% em relação ao que era pago há um ano. Por sua vez, os assalariados tiveram queda de 3,8% no valor recebido e, na média, passaram a ganhar R$ 2.205.

A retração na renda impacta sobre a massa de rendimentos (o valor recebido multiplicado pelo número de ocupados), que caiu 6% nos últimos 12 meses. Isso significa menos recursos injetados na economia, para movimentar o comércio, o que impacta na geração de empregos tanto no setor como em indústrias e serviços.

Jensen também avalia que esse cenário de crise dificultará as negociações salariais, que devem tender mais a repor a inflação do que a trazer ganhos reais neste ano.
 




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