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Policial expulso após posar nu vai recorrer à Justiça
Do Diário do Grande ABC
08/06/2000 | 18:19
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O ex-cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Marcelo Nogueira Clua, 28 anos, expulso esta da semana da corporaçao por ter posado nu para uma revista destinada ao público gay, disse quinta-feira que irá acionar a corporaçao na Justiça Comum para tentar ser reintegrado.

Marcelo Clua foi capa da ediçao de janeiro da revista Homem, do Rio de Janeiro, ao lado de outro modelo. Ele identificava-se na publicaçao com nome falso - Michael Dias - e dizia ser "personal trainer", e nao policial do Batalhao de Missoes Especiais (BME) da PM mineira.

Mesmo assim, a amiga de um colega de farda viu a revista reconheceu o policial e o denunciou ao comandante do BME, o tenente-coronel José Sebastiao Alves Aguilar.

O oficial determinou abertura de inquérito administrativo pelo Conselho de Disciplina, que concluiu que a atitude de cabo era incompatível com a funçao exercida.

Ele foi enquadrado no artigo 76, inciso 3º ,que veda aos membros da corporaçao "qualquer ato que afete a honra, o pudor militar ou o decoro da classe".

"Quero meu emprego de volta e vou à Justiça Comum porque, em nenhum momento, expus a Polícia Militar a constrangimentos, tanto que usei codinome e me apresentei com outra atividade profissional", afirmou o ex-cabo.

Marcelo Clua, que atualmente trabalha como instrutor de ginástica em uma academia da zona norte de Belo Horizonte, e faz shows de strip-tease em uma boite da zona sul, chamada Clube das Mulheres, quer ver reconhecidos seus direitos de fazer o que bem entender, nas horas vagas.

"Se o Vavá, do grupo de pagode Karametade, e o Vampeta, do Corinthians, puderam posar nus, por que eu nao posso?", questiona o ex-policial, que chegou a ficar detido no BME por cinco dias, durante o inquérito. "Fui vítima de puro preconceito", afirma.

Marcelo Clua, cujo caso assemelha-se ao do ex-goleiro sao-paulino Roger José Noronha da Silva - dispensado da equipe pelo entao técnico Paulo César Carpegianni após fazer fotos para uma revista gay -, recebia na PM cerca de R$ 600,00 mensais. Apenas com as apresentaçoes no Clube das Mulheres, três ou quatro vezes por semana, dobrava o salário. "Mas isso nao tem nada a ver com dinheiro; quero é voltar a ser policial porque tenho orgulho da profissao", ressaltou.

De acordo com o tenente-coronel Aguilar, no entanto, a exclusao do cabo nao deverá ser revista. "Nao se trata de preconceito em relaçao a opçoes sexuais ou mesmo a fotos de nus", disse. "O problema foi a postura que ele assumiu, que consideramos insubordinaçao", completou.

Para o oficial, um policial militar é diferente de um bancário ou um profissional liberal, por exemplo. "Devemos satisfaçao à sociedade 24 horas por dia, trabalhando ou nao, já que cobramos dela comportamento correto".




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