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Comissao investiga esquadrao da morte no DF
Do Diário do Grande ABC
23/01/2000 | 16:38
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A Comissao dos Direitos Humanos da Câmara vai convocar esta semana uma perita e um promotor de Goiás para investigar a existência de um esquadrao da morte na divisa com o Distrito Federal, supostamente formado por policiais militares. Um capitao, três sargentos, dois cabos e um soldado da PM de Goiás foram presos acusados de torturar e matar um carroceiro no Novo Gama (GO), a 40 quilômetros do centro de Brasília. Há denúncias de mais de uma dezena de pessoas que podem ter sido mortas pelo grupo.

O carroceiro José Roberto Correia Leite foi torturado pelo grupo de sete militares dia 14 de agosto de 1999, no Quartel da PM em Novo Gama, e depois seu corpo foi encontrado com três tiros em um local de "desova". Um garoto de nove anos presenciou a tortura e se transformou na principal testemunha da Comissao de Direitos Humanos. Vários outros corpos já tinham sido encontrados na mesma situaçao de José Roberto e os promotores e peritos de Goiás estao levantando a açao do esquadrao da morte, comparando os métodos utilizados nas mortes.

Bertinho, como era conhecido José Roberto na comunidade do Pedregal, foi preso sem mandado judicial pelos policiais militares e sofreu choques por todo o corpo. Os militares investigavam o tráfico de drogas na regiao. Enquanto era submetido à tortura, a vítima gritava pelo nome do pai, segundo a testemunha. As investigaçoes demonstraram que os policiais utilizavam carros roubados e tinham instrumentos nao pertencentes à Polícia Militar, como metralhadora e granada.

O presidente da Comissao dos Direitos Humanos da Câmara, deputado Nilmário Miranda (PT-MG), disse que vai ouvir os depoimentos dos promotores e peritos para depois enviar o assunto para o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Ministério da Justiça, para que seja instaurado processo administrativo e a investigaçao seja feita pela Polícia Federal. Nilmário Miranda disse que é grave a denúncia de existência de grupos de extermínio, principalmente com a participaçao de policiais militares e bem próximo do centro da capital.

Prostituiçao - O Novo Gama é uma das várias cidades que estao surgindo na periferia de Brasília, já em território goiano. As populaçoes que geralmente vêm de outros Estados, mesmo trabalhando em sua maioria na capital, fogem dos aluguéis caros de Brasília e procuram estas cidades, desprovidas de infra-estrutura e com altos índices de criminalidade.

Um dos problemas que o Ministério Público vem denunciando com ênfase é a prostituiçao. Há treze dias, foi fechada uma boate, a 45 quilômetros do centro de Brasília. A denúncia era que algumas garotas, a partir de 14 anos, estavam sendo "leiloadas". O Ministério Público constatou a existência de menores morando nos fundos da boate. A noite, elas se prostituíam. A proprietária da boate disse aos promotores que as garotas eram "inquilinas" e que nao se importava que levassem homens para os quartos.

O promotor Marcos Ferreira, que vem impetrando açoes na Justiça para denunciar vários crimes na regiao, disse que a periferia de Brasília pode ser, proporcionalmente, considerada mais violenta que a Baixada Fluminense, no Rio. Ele disse que há uma associaçao de narcotráfico, prostituiçao e criaçao de condomínios ilegais sem precedentes em outras capitais. Nestes grandes "condomínios", que rapidamente se transformam em cidades, até a distribuiçao de água potável é dominada por empresas privadas. "O cenário é de caos social", disse Ferreira.




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