O dissidente Liu Xiaobo foi condenado nesta sexta-feira a 11 anos de prisão por "subversão", um ano depois de ter defendido a democratização na China, em uma sentença que reflete o endurecimento da política do regime comunista contra os defensores dos direitos humanos.
Xiaobo, escritor e ex-professor universitário que completará 54 anos no dia 28 de dezembro, passou 18 meses na cadeia após a repressão do movimento pró-democracia da Praça da Paz Celestial (Tiannamen) de Pequim em junho de 1989 e cumpriu três anos de sentença em um "campo de reeducação pelo trabalho", de 1996 a 1999.
Ele foi detido novamente em dezembro de 2008, como um dos autores da "Carta 08", que defendia a democratização da China. Ele foi julgado na quarta-feira pela acusação de "subversão contra o poder do Estado", em uma audiência de duas horas e meia.
A esposa do condenado, Liu Xia, que não foi autorizada a assistir o julgamento de quarta-feira, estava presente no momento da leitura do veredicto nesta sexta-feira e conseguiu ver o marido pela primeira vez desde março.
A defesa alegou a inocência de Xiaobo, mas o tribunal, de acordo com a agência oficial Xinhua (Nova China), alegou que se ateve "estritamente ao procedimento judicial e que protegeu plenamente o direito de defesa".
A imprensa e os diplomatas estrangeiros não foram autorizados a acompanhar o processo nem a leitura do veredicto.
A ONU e as organizações de defesa dos direitos humanos criticaram a sentença.
A Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, manifestou preocupação com o veredicto e afirmou que a sentença representa um duro golpe à liberdade de expressão.
A organização RSF (Repórteres Sem Fronteiras) pediu à comunidade internacional que pressione o governo chinês para obter a libertação de Liu.
O governo dos Estados Unidos se declarou muito preocupado com a sentença e pediu ao governo chinês que liberte "imediatamente" um homem que "atuou pacificamente em favor do estabelecimento de um processo democrático na China".
A UE (União Europeia) também se declarou preocupada com o "caráter desproporcional da condenação infligida ao defensor dos direitos humanos Liu Xiaobo".
A China já criticara na quinta-feira o que chamou de "interferências grosseiras" de alguns países estrangeiros e exigiu respeito à "soberania judicial chinesa".
O veredicto foi anunciado no dia de Natal, data festiva no Ocidente e período geralmente utilizado pelas autoridades chinesas, segundo os militantes de defesa dos direitos humanos, para solucionar os casos dos dissidentes políticos.
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