Turismo Titulo
Caminho sem fim
Thiago Mariano
Enviado à Chapada Diamantina
02/06/2011 | 07:00
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Tudo é um assombro na Chapada Diamantina: o tamanho, as distâncias, as paisagens. Cada cachoeira visitada esconde pelo menos duas não conhecidas. Cada quilômetro de trilha percorrida desdobra-se em dezenas de possibilidades.

Andar na pedra molhada é um desespero. E tem o pensamento que vem à noite, que diz: "É fácil tropeçar, acontece muitas vezes na vida. Por que não acontece aqui?". E se acontece lá, é um caminho morro abaixo, um crânio afundado na pedra, uma luxação no cóccix (o meu caso). Mas não é nada que perturba, só besteiras que assombram. Depois dos primeiros passos, vem o destemor. Ninguém é besta de andar descuidado nas trilhas, e o índice de feridos é muito baixo.

Há rotas que são indispensáveis - também os relaxantes musculares. Horas de esteira na cidade não correspondem nem a minutos de subida encosta acima - ou abaixo, o que me parece ser pior.

Subir a trilha para a Cachoeira da Fumaça debaixo de densa neblina e persistente garoa foi uma das surpresas da viagem. Duas horas de trilha, perto de chegar ao tão sonhado mirante, mais de 500 metros acima do vale, e desce de encontro com a nossa turma um desapontado grupo de turistas. A neblina estava tão forte que eles não conseguiram ver nada. O que fazer? Amaldiçoar o caminho e iniciar a volta - com os ossos gelados do frio e da garoa - ou pagar para ver? Pagamos para ver. E vimos. Assim que alcançamos o topo, a cortina de fumaça estava no caminho de dispersão.

O mirante, um toco de pedra que vai à frente do desfiladeiro, é um perigo. A recomendação é que a pessoa que se deita para observar a paisagem tenha as pernas seguras por alguém. Dica indispensável, que eu desobedeci. Assim que deitei, sem ninguém para segurar, pensei: "Meu Deus, é mais fácil ir daqui para frente do que ter coragem de ir para trás."

Depois da bronca, mais uma lição aprendida: seguir o guia. A seguinte é: levar blusa para todos os passeios da Chapada Diamantina. A região é de serra e à noite faz um frio danado. A última, e não menos importante, é não maldizer o caminho. Por mais longínquo e tortuoso que seja - principalmente quando é na Chapada - o seu percurso é sempre o passo para um mundo de sonhos.

 




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