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Pessoal em lay-off se mobiliza

Sindicato orienta funcionários suspensos a não comparecerem aos cursos de qualificação; greve busca reverter 500 demissões na Mercedes-Benz

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
24/04/2015 | 07:04
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Andréa Iseki/DGABC


Os 715 funcionários da Mercedes-Benz em São Bernardo que estão em lay-off (contrato de trabalho suspenso temporariamente) receberam a orientação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para não comparecerem aos cursos de qualificação enquanto perdurar a greve, e passarem os dias na frente da montadora. O objetivo é ajudar na mobilização contra as 500 demissões anunciadas pela empresa para 4 de maio.

As faltas no curso do lay-off, de acordo com a legislação, podem ocasionar o não recebimento do valor do salário líquido, pago pela fabricante. Isso porque a norma legal exige, pelo menos, 75% de frequência nas aulas para que o trabalhador tenha direito a receber esse recurso. No entanto, segundo Moisés Selerges, diretor do sindicato e integrante do CSE (Comitê Sindical de Empresa) da Mercedes, a preocupação maior agora é com a manutenção do emprego. “Não adianta se preocupar em não faltar para ter a remuneração do mês e nos próximos meses ficar sem salário”, afirmou.

O dirigente acrescentou que a entidade aguarda ser contatada pela empresa para a retomada de negociações. Com dois dias sem atividades, a companhia, que conta com cerca de 10,5 mil funcionários no município, deixou de produzir 400 veículos (entre chassis de ônibus e caminhões). No entanto, estima-se que a fabricante tenha mais de 40 dias de veículos em estoque.

Procurara pela equipe do Diário, a Mercedes reafirmou que segue valendo o comunicado emitido na quarta-feira, de que, além dos 715 em lay-off, há atualmente mais 1.200 trabalhadores excedentes na fábrica, totalizando cerca de 1.900, e que os cortes são necessários, por causa da forte queda de vendas de veículos comerciais.

E é com apreensão em relação ao futuro que os trabalhadores da montadora se mobilizam para reverter a rescisão de 500 dos 715 contratos do pessoal em lay-off. “Dizem que vão demitir 500, mas não sabemos quais são”, afirmou um dos suspensos, ontem, na frente da companhia. Com dois filhos menores de idade, o metalúrgico, que não se identificou, teme a possibilidade de ficar sem emprego. “O mercado lá fora está difícil e quem já passou dos 50 anos (de idade) não acha serviço”, disse.

O pacote de benefícios, do PDV (Programa de Demissão Voluntária) que a Mercedes-Benz oferece – que compreende R$ 28,5 mil para quem quiser aderir e, se a pessoa estiver suspensa, mais R$ 11,5 mil – não o animou a sair da empresa. “É muito baixo o que estão oferecendo”, opinou. “Para eu sair teria de ser um pacote bom; perto do que outras montadoras, como a Volks e a Ford, já ofereceram, (esse pacote) está mais para embrulhinho”, disse outro trabalhador suspenso.  




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