Política Titulo Lava Jato
Lula e Dilma pagaram R$ 62,7 mil à Atitude

Editora foi usada por Vaccari para lavar dinheiro da Petrobras e tem Barba e Tarcisio na direção

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
22/04/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da presidente Dilma Rousseff (PT) depositaram R$ 62.720,69 na conta da Editora Gráfica Atitude em contratos firmados com a empresa entre 2008 e 2014. A editora é alvo da PF (Polícia Federal) na Operação Lava Jato por, segundo investigação, ter servido de ponte para lavagem de dinheiro desviado da Petrobras, em esquema liderado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

A Atitude pertence aos sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e dos Bancários de São Paulo. Tem como diretor o deputado estadual Teonílio Barba (PT) e já teve como sócios o secretário de Serviços Urbanos de São Bernardo, Tarcisio Secoli (PT), e o parlamentar estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT). Todos estão próximos de serem convocados a prestar esclarecimentos à CPI da Petrobras.

A editora é responsável pela Revista do Brasil e o site Rede Brasil Atual. Foram justamente os produtos jornalísticos que patrocinaram o contrato do governo federal com a empresa. A verba pública foi utilizada pela gestão petista para divulgação de propagandas dos ministérios das Cidades, Educação, Minas e Energia, Saúde, além do próprio gabinete da Presidência da República.

O primeiro ano de gestão da presidente Dilma, em 2011, foi quando a Editora Gráfica Atitude mais recebeu recursos públicos: R$ 16.707,60. Nos dois últimos anos de gestão, Lula separou R$ 11.793,60 em 2009 e R$ 10.092,60 em 2010. Repasses foram feitos até 2014 (R$ 5.073,84). O primeiro convênio foi firmado em 2008, um ano depois da fundação da companhia: naquele ano, Palácio do Planalto pagou R$ 3.931,20 à Atitude.

Neste ano ainda não há registro de contrato entre as partes. Tanto a Revista do Brasil quanto a Rede Brasil Atual possui viés editorial próximo ao defendido pelo PT. Prova disso foi a edição número 100 da Revista do Brasil: Lula está estampado na capa, em reportagem dizendo que governos petistas “arrumaram” o País. Na página principal de seu site, a Rede Brasil Atual não oferece espaços aos desdobramentos incômodos ao PT na Operação Lava Jato, como a prisão de Vaccari.

Segundo dados da Lava Jato, a Atitude era utilizada por Vaccari para transferir dinheiro desviado da Petrobras para contas particulares e, supostamente, para campanhas eleitorais do PT. Empresários que possuíam contrato com a estatal, em delação premiada, relataram que Vaccari pressionava para que parte dos recursos pagos pela petroleira por serviços tinha de ser depositada na editora. A PF estima que até R$ 2,5 milhões foram para os cofres da empresa.

Nos casos específicos dos políticos do Grande ABC, Barba e Tarcisio negam irregularidades enquanto dirigentes ou ex-sócio da Atitude. O secretário de Serviços Urbanos não faz mais parte do quadro societário desde 2010. Tarcisio é o favorito do prefeito Luiz Marinho (PT) para encabeçar projeto eleitoral de continuidade do PT em São Bernardo no próximo ano. Barba assumiu mandato de deputado estadual em 15 de março, e tem base eleitoral em São Bernardo. 




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