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Nanicos são gigantes nas propostas
Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
22/08/2010 | 07:24
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A corrida presidencial esconde antes do surgimento dos pontos percentuais das pesquisas de intenção de voto seis candidatos, todos sedentos por espaço na mídia para revelar seus programas de governo. Quase sempre esquecidos (primeiramente e, principalmente, pelo eleitorado), os nanicos querem se fazer presentes e marcar suas propostas no consciente da população, para assim poderem, segundo esperam, fazer frente a Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV).

Graças ao famoso aerotrem, Levy Fidélix (PRTB) ganhou projeção na política. Talvez por isso o projeto, que sempre passou longe de elegê-lo, agora é apenas a nona prioridade de seu plano de governo. "Como estadista, preciso pensar no País como um todo. Não posso ser como a Marina Silva, candidata de monólogo. Só fala em sustentabilidade."

Para não bater na mesma tecla, Fidélix pontua novidades não menos impactantes. Há a marcha para o Centro-Oeste, a perpetuação do Bolsa Família e a poupança para recém-nascido, com cada cidadão recebendo ao nascer o equivalente a quatro salários-mínimos (hoje R$ 2.040), resgatáveis ao completar 21 anos.

Questionado se o projeto poderia elevar incontrolavelmente a taxa de natalidade, o candidato rebate. "O Brasil possui taxa de natalidade decrescente nas últimas décadas. Não posso falar besteira, foi tudo pesquisado", garante. O renovador-trabalhista, contudo, errou ao projetar que os rendimentos da verba em 21 anos chegariam a R$ 200 mil. Na realidade, considerando o índice da poupança de julho, o valor chegaria a aproximadamente R$ 9 mil.

Entre os candidatos de esquerda, há discurso uníssono pela reestatização de empresas privatizadas, a distribuição milimétrica de renda e de terra e a oficialização da união entre homossexuais. Mas as propostas revolucionárias extrapolam os conteúdos dos programas de governo.

Plínio de Arruda Sampaio (Psol) quer o fim do Senado. "É valhacouto (abrigo) de oligarcas", define. "Na prática, temos duas Câmaras. Não há sentido nisso", conclui. A ideia é abraçada por Ivan Pinheiro (PCB). "O Senado virou lugar onde os velhos caciques da política fazem suas negociatas", justifica.

Pinheiro é o mais preocupado com as relações com a América Latina e defende as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) como organização política. "A base militar Ianque na Colômbia é ameaça ao Brasil. Eles (Estados Unidos) querem a Amazônia", alerta.

O comunista garante empenho na luta contra o "imperialismo". Para tanto, delineou suas três primeiras atividades à frente do Palácio do Planalto: a retirada da tropa brasileira do Haiti; mostrar ao governo colombiano que as Farc não é guerrilha; e fazer cumprir resolução da ONU e dar autonomia ao Estado Palestino, expulsando israelenses do território e enfrentando sanções dos Estados Unidos. "Que sanções? Invadir o Brasil? Nós enfrentaremos os Estados Unidos, o verdadeiro eixo do mal."

Calote na dívida e menos ministérios
Dono do jingle mais famoso dos nanicos (agora também em versões axé, sertanejo universitário e milonga) José Maria Eymael (PSDC) tenta a Presidência pela terceira vez. Nesta campanha, diz ter como meta a redução do número de ministérios de 20% a 30% (hoje são 38), mas se recusa, por ora, a dizer quais seriam extintos. "Não quero criar polêmica agora." Na contramão da proposta, anuncia que criará outros dois ministérios: o de Segurança Pública e o da Família - o segundo gerenciaria programas sociais.

Ao melhor estilo Robin Hood, Zé Maria (PSTU) deixa clara a sua proposta: dar ao povo o que é do povo. Sob esta ótica, defende o calote na dívida pública (somadas, interna e externa atingem R$ 1,8 trilhão, equivalente ao orçamento do País para este ano). "O Brasil segue subordinado ao capital estrangeiro", avalia, justificando o primeiro ponto de seu plano de governo, que versa sobre a conquista da "segunda independência do País".

Assim como Ivan Pinheiro, Zé Maria afirma que a retirada da tropa brasileira do Haiti será prioridade. "Nossos militares estão no Haiti para resguardar as multinacionais e não para participar da reconstrução do pais após o terremoto", acusa.

Rui Costa Pimenta (PCO) defende a bandeira de que o socialismo marxista é a solução para os problemas econômicos, sociais e agrários do Brasil. Ele não retornou aos contatos do Diário.




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