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Advogado comandava roubo de cargas, diz promotor
Do Diário do Grande ABC
01/12/1999 | 17:08
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O Ministério Público de Campinas está investigando pelo menos quatro roubos de cargas que teriam sido comandados pelo advogado Artur Eugênio Mathias, preso terça-feira (30) em Campinas. Ele foi identificado por um dos integrantes de uma quadrilha que roubou três caminhoes carregados de cigarros no dia 3 de maio, no quilômetro 426,8 da Rodovia Anhanguera, próximo a Igarapava. Em seu depoimento, o acusado disse que Mathias teria sido o mentor intelectual da açao.

O informante, que atuou como motorista da quadrilha, foi beneficiado com liberdade provisória, mas seu nome está sendo mantido em sigilo para evitar um atentado. Na última quinta-feira, ele pediu para ser ouvido novamente pelo juiz de Igarapava, Humberto Aparecido da Rocha. No depoimento, contou que Mathias apresentou-se na cidade como seu advogado mas, na realidade, teria sido o mentor intelectual do roubo. O acusado disse que resolveu denunciar o advogado por ter se sentido abandonado.

"As informaçoes indicam que o advogado coordenou pelo menos outros quatro roubos de cargas", disse nesta quarta-feira o promotor do MP em Campinas, Ricardo Silvares. Ele esteve em Igarapava na última quinta-feira para acompanhar o depoimento do acusado. Segundo ele, o informante revelou detalhes do método adotado pelo advogado. "Mathias organizava os grupos e coordenava as açoes usando um telefone celular", disse.

O advogado, segundo Silvares, planejava as açoes, dividia as tarefas e determinava os pontos de armazenamento das cargas roubadas. "Também estamos investigando se houve envolvimento de funcionários das empresas que faziam o transporte das cargas", disse. Em seu depoimento, o informante disse conhecer o empresário foragido Willian Sozza, mas nao soube precisar a sua ligaçao com os crimes.

Os roubos que estao sendo investigados, segundo o promotor, ocorreram na rodovia Anhanguera, entre 98 e 99. As açoes, de acordo com Silvares, envolveram cargas de cigarros, remédios e cosméticos. Os produtos seriam distribuídos na regiao norte de Sao Paulo e no Mato Grosso. O carregamento de cigarro no qual o informante estava envolvido foi recuperado pela polícia. A carga estava avaliada em R$ 331,6 mil.

As informaçoes prestadas pelo integrante da quadrilha serviram de base para que a Juiz de Igarapava decretasse a prisao preventiva do advogado. Ele foi detido terça-feira (30) e está numa cela do quartel da Polícia Militar em Campinas. Considerado o "braço jurídico" do crime organizado, Mathias chegou a ser preso durante os trabalhos da CPI do Narcotráfico na cidade, há duas semanas, mas foi posto em liberdade depois de obter um habeas-corpus do Tribunal de Justiça de Sao Paulo.

No processo 450/99, aberto pela Justiça de Igarapava com base no depoimento do informante, Mathias é acusado de formaçao de quadrilha e roubo de cargas. Caso seja condenado, o advogado poderá pegar dez anos de prisao. O advogado Salvador Scarpelli, que defende Mathias, nao foi localizado nesta quarta-feira para falar sobre o assunto. O integrante da quadrilha que denunciou Mathias está pedindo para ser incluído no Serviço de Proteçao a Testemunha.




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