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Pirelli reduzirá 25% da produção para adequar à demanda

Trabalhadores aprovaram ontem acordo para lay-off; apesar de benefícios, clima ainda é tenso

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
18/04/2015 | 07:07
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Andréa Iseki/DGABC


Para reduzir custos e diminuir os estoques, a produção de pneus na unidade de Santo André da Pirelli será 25% menor a partir do mês que vem. A medida é decorrente da queda nas vendas e será acompanhada de lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) para 380 funcionários. A proposta de afastamento foi aprovada na tarde de ontem em assembleia na porta da fábrica. Apesar de os trabalhadores terem conquistado condições favoráveis durante as negociações com a empresa, o clima ainda é de apreensão.

Segundo o presidente do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, Marcio Ferreira, atualmente são fabricados entre 3.600 e 4.000 pneus para caminhões e tratores na planta do Grande ABC. Com o início do lay-off, a produção diária deverá ficar em torno de 2.800 unidades. A queda na demanda preocupa os colaboradores, que temem não haver reaquecimento do mercado após o período de suspensão. Na Mercedes-Benz, em São Bernardo, 500 metalúrgicos não terão os contratos renovados.

Apesar do sentimento de apreensão, Ferreira demonstra otimismo. “A duração máxima do lay-off é de cinco meses. Entretanto, esperamos que, a partir do terceiro mês, o pessoal já volte a trabalhar.”

Quando a Pirelli anunciou a medida emergencial, a previsão era de que 450 funcionários da unidade andreense fossem atingidos. Entretanto, a empresa anunciou que reduziu o efetivo para 380, em razão da decisão de não afastar uma das quatro turmas inteiras de trabalho. Também por esse motivo houve a manutenção da jornada de 6x2 (seis dias de trabalho para dois de folga), com carga semanal de 39,5 horas. A intenção da direção era encerrar a produção aos domingos e implantar jornada 6x1 (com apenas um dia de descanso). Para isso, os colaboradores teriam de fazer 44 horas semanais, o que o sindicalista classificou como “retrocesso”.

Sobre a redução no total de empregados suspensos, a companhia informa que “o número de funcionários envolvidos no programa é (definido) conforme a jornada de trabalho 6x2, acordada com o sindicato para o período do lay-off”. A Pirelli diz ainda que “acredita que essa é a melhor alternativa para garantir seu empenho na manutenção dos postos de trabalho nesse momento de crise do mercado.”

Caso haja cortes durante o período de afastamento, o empregado demitido receberá multa equivalente a três salários nominais. A multinacional havia proposto pagar apenas um salário, mas cedeu após a pressão do sindicato, que exigia cinco. Os borracheiros receberão 100% da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e também serão beneficiados com as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho 2015/2016, que já está sendo negociada entre as partes. A categoria reivindica aumento real de 2% e PLR de R$ 12 mil para os empregados das fábricas de pneus.

Em relação ao pagamento aos colaboradores em lay-off, parte virá da União, por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) – com teto de R$ 1.385,91, o mesmo do seguro-desemprego – e o restante será depositado pela empresa até atingir a totalidade da remuneração. Os 380 afastados também receberão vale-transporte para se dirigir à instituição de ensino escolhida pela companhia para a aplicação de curso de capacitação – item exigido pela legislação.

TRANSAÇÃO - No mês passado, foi anunciada a venda do controle acionário da Pirelli para o grupo ChemChina (China National Chemical Corporation) por US$ 7,7 bilhões. A empresa garante que o lay-off não tem qualquer relação com a negociação com os empresários chineses e que a transação ainda não foi concluída.
 




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