O envenenamento por chumbo ambiental costuma atingir mais as crianças. Pode diminuir a capacidade intelectual e afetar o intestino. Também é freqüente a intoxicaçao ocupacional por chumbo, mais aguda, que atinge trabalhadores de fábricas de baterias e pilhas, de cerâmicas vítreas e de tintas. Em todos os casos, a ingestao de fitatos pode ajudar na desintoxicaçao, conforme mostram os resultados de oito anos de pesquisas de uma equipe de três pesquisadores, um técnico e uma pós-graduanda, coordenadas por Jaime Amaya Farfan, na Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas, FEA-Unicamp
"Os fitatos (ou polifosfatos de inositol) eram considerados antinutricionais porque sao antagônicos à absorçao de minerais importantes para o organismo, contidos nos alimentos como zinco, ferro, cobre e até cálcio", explica Farfan. Por isso tornou-se tao popular, há 100 anos, o beneficiamento dos graos de arroz e trigo - polimento que retira os fitatos. "Ocorre que os fitatos também seqüestram substâncias tóxicas, como o chumbo, e uma dieta sem fitatos está levando ao aumento de casos de envenenamento por chumbo ambiental", afirma.
Testes de laboratórios feitos com ratos demonstraram que os fitatos contidos no farelo do arroz, numa dieta contaminada por chumbo, levaram a uma deposiçao significativamente inferior de chumbo no sangue, fígado e rins do que as mesmas dietas contaminadas, ministradas sem o farelo.
A equipe da FEA trabalha, agora, para determinar qual a quantidade diária ideal de fitatos a ser consumida por pessoas, especificando, inclusive, recomendaçoes para brasileiros de classe baixa, média e alta. As recomendaçoes deverao considerar a dieta comum destas populaçoes e a necessidade de contrabalaçar os efeitos negativos e positivos dos fitatos. "Desconfio até que o brasileiro de classe baixa consome mais fitatos do que o de classe alta, por exemplo, porque come mais feijao, embora o arroz, o macarrao e todas as farinhas sejam refinados", diz Farfan, abrindo exceçao apenas para os adeptos do arroz integral.
Maiores informaçoes podem ser obtidas pelo email jaf@fea.unicamp.br ou pelo telefone (19) 7884075.
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