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Nelson Robles, o que nunca abandonou a ‘canequinha’

Na elaboração do livro Programa de Auditório, Nelson Robles teve participação especial...

Ademir Medici
16/04/2015 | 07:00
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(Catanduva, 15-1-1942 – São Caetano, 14-4-2015)

“O rádio não é profissão, é vício. Depois que você toma contato com a ‘canequinha’, você jamais a deixa.”

Nelson Robles, em depoimento para o livro Programa de Auditório, 2000.

Na elaboração do livro Programa de Auditório, Nelson Robles teve participação especial. Narrou sua história de vida, particular e profissional. E ajudou-nos na elaboração do capítulo para ele o mais rico da edição, a história da saudosa Rádio Cacique, de São Caetano.

Pois foi na Rádio Cacique que Robles começou sua carreira, com toda a coragem do mundo e dois predicados a mais: uma voz muito boa e um curso na Academia Nacional de Rádio e Televisão. Mesmo assim, foi um choque:

– Gostaria de fazer um teste para locutor e queria ver a forma que a gente poderia conversar e...

– Foi bom você chegar. Eu sou o diretor artístico e o locutor da parte da manhã não apareceu. Estou desde a manhã falando e vou almoçar. Aqui está uma relação de músicas. Você anuncia a cada duas músicas este comercial das Lojas Ducal.

O jovem Nelson Robles tremeu nas bases.

– Mas eu nunca peguei num microfone, pelo amor de Deus...

– Não, não. Um abraço. As músicas são estas. Senta aqui. Eu vou almoçar. Volto em 40 minutos.

Transcrevendo estas falas de Nelson Robles, gravadas no ano 2000, cuja íntegra está no livro citado, parece que o estamos ouvindo novamente, ao vivo.

Robles era um excelente locutor, animador, e tinha uma grande facilidade em contar causos. Foi assim conosco, foi assim com o então jovem jornalista Beto Silva, que trabalhou com ele e o entrevistou para a revista Raízes. Toda a experiência do profissional de rádio, e TV, e cerimonial, estava impregnada naquele moço inquieto que só fez amigos.

O diretor artístico citado, que o colocou no ar assim, de supetão, chamava-se Nelson Palma, que o ouviu do restaurante da Rua Santa Catarina enquanto almoçava – e que o aprovou de imediato.

Norma Takayama também só tinha palavras de carinho para com Nelson Robles, ela que foi discotecária e produtora da saudosa Cacique. Imaginem! Robles substituiu a José Paulo de Andrade (O Pulo do Gato) na Rádio Piratininga, levado por outro monstro do rádio brasileiro, Salomão Esper. E assim por diante.

Robles sabia o que queria. Em 1959, quando trocou o emprego no escritório de contabilidade de Oscar Leite, futuro vereador de São Caetano, estava convicto. Leite bem que tentou segurá-lo.

– Agora sou locutor de rádio. Eu vou para a Rádio Cacique – respondeu o jovem de voz forte e natural e que depois trabalharia em emissoras como a Globo, Excelsior, Tupi, América, TV Bandeirantes e que estourou no Nordeste, quando atuou na Rádio Olinda, de Recife, e ganhou o Troféu Manoel da Nóbrega como o melhor comunicador do Norte e Nordeste.

Só que São Caetano era a sua terra verdadeira. Aqui chegou criança. Estudou no Grupo Escolar Senador Roberto Simonsen, da Cerâmica São Caetano. Apresentou shows por toda parte. Inesquecíveis as noitadas no Ginásio Lauro Gomes, dos tempos iniciais da Jovem Guarda.

Agora, a despedida. Nelson Robles parte aos 73 anos. Está sepultado no Cemitério da Saudade, bairro Cerâmica. Casado com Marina, eles tiveram três filhos, Welligton, Cleiton (casado com Kelly) e Priscila (casada com Paulo). O xodó de Nelson Robles era o neto Lucca, a quem chamava de ídolo.

Diário há 30 anos

Terça-feira, 16 de abril de 1984 – ano 27, nº 5800

Manchete – Permanece gravíssimo quadro clínico de Tancredo

- Médicos apenas tentam manter o presidente vivo.

- São João Del Rey já prepara o funeral.

Movimento Sindical – Proposta do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) não é aceita e a greve dos metalúrgicos continua.

Ribeirão Pires – Prefeito Valdírio Prisco e secretário de Planejamento do Estado, José Serra, acertam a construção de 15 cozinhas comunitárias na cidade.

Polícia – Termina greve de fome na Cadeia Pública de São Bernardo.

Em 16 de abril de...

1895 – Câmara de São Bernardo acolhe proposta do cidadão Mania Luigi para a construção de 32 lampiões, dos quais dez seriam implantados na Estação de São Bernardo (hoje Santo André) e o restante nas ruas da Vila, hoje Centro de São Bernardo.

Mania Luigi era funileiro e atendeu ao edital publicado pela Procuradoria da Câmara. Ele se obrigava a construir os lampiões e dá-los em ponto de funcionar ao preço de 45 mil réis cada um, ‘quer com postes de canelinhas, quer com braços de ferro resistentes’.

O sistema de iluminação a eletricidade apenas seria inaugurado na região nos primeiros anos do século.

1915 – Prefeitura de Campinas atende pedido da Prefeitura de São Bernardo e envia informações referentes ao serviço de água e esgoto que realiza.

- A guerra. Do noticiário do Estadão: ‘A artilharia francesa destrói as trincheiras do inimigo em Boiselle’.

1930 – Irmãos Oliva dinamitam ponte em Ribeirão Pires e entram em choque com os Grecco. Construída pela Prefeitura de São Bernardo, a ponte visava facilitar o acesso às pedreiras da cidade. Caso vai à Justiça.

1970 – Carlos Eduardo Paes Barreto recebe o título de Cidadão de São Caetano. Engenheiro-químico, presidente da Petroquímica União e fundador da Refinaria de Capuava.

1975 – Diário mostra a Avenida dos Estados totalmente abandonada, principalmente no trecho de São Caetano.

- Criação de área metropolitana gera desconfiança.

Hoje

- Dia Nacional da Voz

Santos do dia

- Santa Bernadete Soubirous. Religiosa francesa (1844-1879).

- Bento José Labre

- Calisto de Corinto

- Gracia

- Júlia

- Marçal

- Penha

- São Bento José Labre




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