Woody Allen consegue manter-se acima da média mesmo quando não está em seus dias mais inspirados. E é isso o que acontece com seu novo longa, O Escorpião de Jade (The Curse of Jade Scorpion, EUA/Alemanha, 2001), que estréia nesta sexta em São Paulo em um escasso número de salas. Mesmo não pertencendo à seleção de seus filmes mais brilhantes, como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977) ou Manhattan (1979), a comédia agrada.

O Escorpião de Jade é o segundo longa de uma trilogia feita em parceria com os estúdios DreamWorks, de Steven Spielberg. O primeiro foi Os Trapaceiros (Small Time Crooks) e o próximo, Hollywood Ending, estreou no Festival de Cannes deste ano e está prometido para o segundo semestre no Brasil. Se o prazo for cumprido, será a primeira vez que um filme de Allen chega por aqui sem grandes atrasos. E com outro ineditismo: Allen troca sua amada Nova York por Hollywood.

O Escorpião de Jade é uma referência de Allen aos filmes noir. Ele próprio faz um detetive caricato, Briggs, que trabalha no departamento de investigação de uma firma de seguros em 1945. Veterano e respeitado pelos casos que resolve, ele na verdade tem menos méritos do que seu colegas imaginam. Suas idéias são ultrapassadas e Briggs conta com uma boa dose de sorte para desvendar os golpes.

Até que Betty Ann Fitzgerald (Helen Hunt) chega ao escritório para modernizá-lo, contratada pelo dono da empresa – e seu amante –, Magruder (Dan Aykroyd). O ódio entre os dois é imediato e, por isso, o pessoal da firma acha engraçado quando um mágico consegue hipnotizá-los, transformando-os em um casal apaixonado.

O que ninguém desconfia é que o ilusionista usará, mais tarde, a palavra-senha da hipnose para fazer com que Briggs passe pelos sistemas de segurança que ele mesmo projetou. Jóias de famílias tradicionais de Nova York começam a sumir e Briggs se aproxima de Fritzgerald, mesmo com o desprezo mútuo, para resolver o caso, já que os dois passam a ser suspeitos.