O Instituto Teotônio Vilela, órgão de estudos contemporâneos ligado ao PSDB, principal sigla de oposição ao governo federal, divulgou na sexta-feira, a propósito da primeira centena de dias do quarto mandato consecutivo do Partido dos Trabalhadores no Palácio do Planalto, documento intitulado Entre o Céu e o Inferno. Com 58 páginas, o material pode ser resumido na frase que encerra a apresentação da obra: “Os 100 primeiros dias de Dilma Rousseff, de tão tenebrosos, soaram como 100 longas noites”.

Moradores do Grande ABC que se dispuserem a ler a avaliação tucana concluirão que a crítica foi escrita sob medida para denunciar os efeitos que o início do segundo mandato de Dilma provocam nas sete cidades. A região, como este Diário já teve a oportunidade de mostrar, transformou-se em cemitério de esqueletos de obras prometidas pelo governo federal. Nada anda.

Infelizmente, o primeiro ciclo da nova gestão se completa sem apresentar nada digno de ser celebrado. A indústria regional padece sob uma das piores crises econômicas dos últimos tempos, o que a obriga a reduzir investimentos e a cortar postos de trabalho. A força política do Grande ABC também foi drasticamente desidratada. Apenas um de seus representantes segue no primeiro escalão da presidente, o ministro Arthur Chioro (Saúde).

Chioro, aliás, preside a Pasta que, exatamente na data em que o governo federal completava seus primeiros 100 dias, entrou na mira da Operação Lava Jato sob suspeita de desviar dinheiro público por meio de contratos publicitários. Não bastasse a ineficiência da gestão, a administração central se afoga em escândalos de corrupção, o que tira a perspectiva de que há luz no fim do túnel. Sem esperança, a sociedade se convulsiona. Hoje, aliás, a população deve tomar as ruas do País para expressar seu descontentamento com o que já está sendo classificado como o maior estelionato eleitoral da história do Brasil.