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Em uma folha qualquer...

Publicações despontam entre os mais vendidos
porque prometem acabar com o estresse do dia a dia

Miriam Gimenes
13/04/2015 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Todos os dias, antes de dormir, Veronica Correa, 35 anos, se rende ao livro. Só que, ao invés de contemplar as palavras, a decoradora visa os desenhos. Não, ela não é preguiçosa e gosta de ler, mas para amenizar o estresse cotidiano, ela recorre agora às publicações de colorir, que têm se tornado febre, principalmente entre as mulheres. “Assim faço um detox de computador, das redes sociais, e também me ajuda na questão de trabalhar com as cores, fazer testes, porque é meu instrumento de trabalho”, diz a carioca, que é decoradora.

Um dos livros que ela adorna no momento é o Jardim Secreto (Johanna Basford, Editora Sextante, R$ 23, em média). Só no Brasil, desde o seu lançamento em novembro, o livro vendeu 100 mil exemplares e está em segundo lugar na lista dos mais vendidos da Amazon. A autora, uma ilustradora britânica, fez tanto sucesso que acaba de lançar o Floresta Encantada (R$ 29,90), que deve repetir o sucesso de vendas do pioneiro.

Ambos são inspirados na fauna e flora da zona rural onde ela vive, na Escócia, e cada um tem um significado especial. A ideia é que cada ‘pintor’ descubra o seu. “Conheci o livro porque uma cliente me trouxe mostrando umas mandalas lindas para usar na decoração de sua festa. Me apaixonei no ato”, lembra Verônica. O problema, no entanto, é controlar outros ímpetos que o novo hobby traz. “Está me falindo. Não posso ver um lápis de cor diferente que quero comprar”, confessa. Ela leva de duas a três horas para terminar cada página.

FUNCIONA?
A psicóloga Viviane Alves Quelhas Ferraro, da clínica Sphera, de Santo André, diz que a prática é uma arteterapia e pode ajudar sim no combate ao estresse. “Mas é importante descobrir a causa e identificar por meio da psicoterapia o que é o agente causador do estresse. O livro pode auxiliar como uma técnica terapêutica, mas não é terapia e não trata a causa”, alerta.

Segundo a especialista, no entanto, o ato de colorir o desenho é excelente maneira de relaxar, exercita a criatividade porque não tem preocupações, julgamentos e traz sensação libertadora. “Segundo (Jean) Piaget, dos 2 aos 7 anos de idade o pensamento da criança é egocêntrico. E neste meio-tempo ocorre a socialização da criança por meio da fala, desenhos e dramatizações, que desencadeiam a sensação do prazer e emoção.” Repetir as pinturas na idade adulta, portanto, pode trazer de volta a sensação prazerosa, até porque ativam a área central do cérebro, associada ao córtex auditivo e visual, que estimulam a liberação de enzimas que provocam bem-estar.

Se funciona ou não, tem ganhado adeptos e milhares de pessoas estão interessadas nesta arte. Tanto que uma página no Instagram chamada Inspiração Jardim Secreto já tem 10 mil seguidores que postam suas ‘pinturas’, diariamente, e trocam informações sobre o material utilizado. Vale a pena arriscar e riscar.




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