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Projeto do governo permite que policial se infiltre no tráfico
Do Diário do Grande ABC
16/11/1999 | 16:48
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O presidente Fernando Henrique Cardoso encaminhou ao Ministério da Justiça, para análise, um anteprojeto de lei, elaborado pela Secretaria Nacional Antidrogas, que prevê a infiltraçao policial no narcotráfico. A idéia, segundo o secretário nacional Antidrogas, Walter Maierovitch, é dotar a legislaçao brasileira de mais um instrumento - considerado eficaz em todo o mundo - no combate ao tráfico de drogas.

Maierovitch, que abriu nesta terça-feira no Recife o I Fórum Pernambucano Sobre Consumo de Uso Indevido de Drogas, frisou a importância de leis adequadas que permitam uma efetiva açao contra o narcotráfico. De acordo com o secretário, um policial que se infiltrasse no mundo do crime, hoje, seria considerado criminoso, mesmo que a sua intençao fosse a de desbaratar uma quadrilha.

O texto do anteprojeto determina que a infiltraçao deve ter autorizaçao judicial e o acompanhamento do Ministério Público, enquanto os policiais devem ser altamente treinados. Maierovitch deu como exemplo da eficácia da infiltraçao policial a operaçao "Green Ice", que envolveu oito países - incluindo os Estados Unidos, Itália, Espanha e França - e conseguiu, em um único dia, prender 168 grandes narcotraficantes e apreender US$ 155 milhoes. Segundo ele, depois de conquistar a confiança da gangue, os agentes infiltrados convenceram os chefes a lavar dinheiro sujo em uma corretora com sede em San Diego (EUA), caindo na armadilha.

Diante da ausência de fronteiras no tráfico das drogas, o secretário ressaltou a importância de acordos internacionais de colaboraçao no combate ao narcotráfico. Segundo ele, acordos desse tipo já foram firmados pela secretaria com a Espanha, Romênia e Peru. Com os Estados Unidos está sendo acertado um convênio.

Maierovitch disse nao ver a CPI do Narcotráfico - que está ajudando a desbaratar esquemas envolvendo empresários, juízes e políticos - como concorrente da Secretaria Nacional Antidrogas, que desenvolve inúmeras atividades de prevençao, tratamento e repressao. Ele propôs que a CPI se torne permanente como ocorre na Itália com a Comissao Parlamentar Anti-Máfia. "A visao de concorrência e de corporaçoes só favorece o crime organizado e as drogas", afirmou.

O secretário abriu, semana passada, um encontro da Organizaçao dos Estados Americanos (OEA), em Washington, e no dia 24 faz conferência em Nova York, a convite da Organizaçao das Naçoes Unidas (ONU), sobre o poder da corrupçao das drogas. Nesta quarta, ele assina um convênio de repasse de verbas do Fundo Nacional Antidrogas (formado a partir da venda de bens de traficantes) em Belo Horizonte e na sexta-feira (19) participa do Fórum Estadual Antidrogas em Vitória.




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