Economia Titulo
Importaçao de alimentos cai 70% no triênio
Do Diário do Grande ABC
16/02/2000 | 15:56
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A reduçao das importaçoes está engordando o saldo da balança comercial do setor de alimentos. Há três anos as compras externas somaram US$ 2. 466.428.182, recuando para US$ US$ 737.974.083 em 1999, queda da ordem de 70%. As exportaçoes sofreram uma ligeira variaçao negativa de 4 2% - US$ 8.421.409.414 em 1997 ante os US$ 7.927.557.314 obtidos no ano passado. O saldo da balança saltou de US$ 5.955.881.232 para US$ 6.208.103. 520.

Bebidas, líquidos alcóolicos e vinagres foram os produtos cujas compras mais encolheram no mercado externo, registrando queda de 60,91% nos últimos três ano. Em 1997, por exemplo, o volume negociado lá fora foi da ordem de US$ 381. 491.115 caindo para US$ 149.109.742 no último ano. "Foi o setor mais afetado pela desvalorizaçao cambial. O brasileiro está trocando uísque importado por cachaça", afirma Jean Duboc, superintendente do Grupo Carrefour no Brasil.

Pelas suas contas, as importaçoes do grupo caíram pela metade no ano passado comparado ao anterior e deverao ficar ainda mais reduzidas em 2000. "A venda de importados responde por 3% do faturamento da empresa estimado em US$ 7 bilhoes em 1999", conta.

A linha "1º Preço", lançada nesta quarta-feira pelo Carrefour, cujos preços estao até 40% mais baixos que os líderes de mercado, conta com apenas dois produtos importados: azeite e azeitona. "Neste caso nao dá para fugir da importaçao", lembra.

Dênis Ribeiro, economista da Associaçao Brasileira das Indústrias de Alimentos (Abia), concorda com o Duboc. "O consumidor já se convenceu de que os produtos nacionais sao tao bons quanto os importados e, se tiver dinheiro sobrando, vai passar a comprar mais carne e iogurtes, dispensando o importado, como ocorreu na implantaçao do real", afirma.

Na sua opiniao, as importaçoes deverao se estabilizar neste ano. "As compras externas ficarao centradas naqueles produtos tradicionais como bacalhau, frutas secas, entre outros", prevê.

A importaçao de peixes, crustáceos e moluscos consta também da lista dos importados que estao em queda de 1997 para cá. Dados do Departamento do Comércio Exterior (Decex), demonstram que o Brasil chegou a importar US$ 398.721.869 no ano de 1997 reduzindo para US$ 125.578.446, acusando queda de 34,69%.

Pescados - Prova disso é que a Golfinho Azul - entre as cinco maiores empresas do setor de pescados congelados - refez para baixo suas contas, fechando o ano com uma receita da ordem de R$ 11 milhoes. Até maio passado, a perspectiva era faturar R$ 15 milhoes. O curioso é que a retraçao nos negócios nao se deve a queda no consumo, mas a alta do preço da matéria-prima importada.

Por conta da variaçao cambial, a Golfinho tirou de linha seis dos seus produtos e suspendeu a exportaçao para o Japao. A matéria-prima importada respondia por 50% da produçao de 130 de toneladas/ano, há um ano hoje nao chega a 25%.

A saída imediata, explica Renato Stanzione, gerente de vendas, foi substituir, em alguns casos, produtos por um mix de espécies nacionais, garantindo o abastecimento do varejo. A outra, tirar de linha os seis produtos que mais encareceram, como foi o caso do kani kana.

"O mercado de peixes no Brasil é pouco explorado, resultando em baixo consumo", explica. No ranking mundial, o Brasil ocupa apenas a 12ª posiçao, perdendo para países com território geográfico e costa marítima muito menor.

O mercado nacional consome 9 mil toneladas de peixe, enquanto o Japao, por exemplo, consome 9 milhoes de toneladas/ano. Portugal tem um consumo de 71 quilos per capita, Noruega 42 quilos e em 4º lugar vem a Espanha com um consumo de 38 quilos.

Enquanto a compra de importado mingua, empresas do setor de carnes, por exemplo, engordam sua receita, exportando para outros mercados. Há três anos o Brasil vendeu ao mercado externo US$ 1.295.192.365 de carnes saltando para US$ 1.529.343.118 no ano passado, alta de 18%.

A Perdigao, vice-líder neste mercado, obteve no ano passado uma receita de US$ 300 milhoes, crescimento de 12% sobre 1997. "Para 2000 a projeçao é atingir US$ 313 milhoes", comenta Antonio Zambelli, diretor de marketing. As exportaçoes globais, estima, deverao ficar ligeiramente abaixo do incremento da Perdigao.




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