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Desembargadores da Bahia irao depor na CPI do Tráfico
Do Diário do Grande ABC
19/04/2000 | 17:33
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A Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico na Câmara dos Deputados decidiu ouvir este mês os desembargadores Mário Albiani e Walter Brandao, do Tribunal de Justiça (TJ) da Bahia, e o líder do governo na Assembléia Legislativa baiana, Pedro Alcântara (PFL), que foram denunciados há seis meses pelo desembargador Lourival Ferreira por o pressionar para soltar o assaltante de cargas Wander Dorneles.

Desde que o caso estourou, em novembro, os deputados da oposiçao tentam incluir no rol de investigaçoes da CPI o caso baiano. No fim de 1999, três integrantes da CPI estiveram em Salvador e tomaram o depoimento de Ferreira, que confirmou as declaraçoes feitas num despacho em que negava a concessao de habeas-corpus em favor de Dorneles. Depois disso, a comissao nao se preocupou em aprofundar a investigaçao e a Assembléia Legislativa, dominada pelo PFL, nao formou uma CPI estadual para apurar o caso. A decisao de ouvir os três acusados deve-se a um pedido à direçao da CPI do Narcotráfico, feito pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Aloízio Mercadante (SP).

A deputada estadual Moema Gramacho (PT), membro da Comissao de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa baiana, que acompanha o caso desde o inicio, afirma ter certeza da existência no Estado de um "esquema pesado de crime organizado", envolvendo roubo de cargas e suborno.

"Nao estou dizendo que os desembargadores e o deputado denunciados estejam envolvidos diretamente, mas os fatos que vêm ocorrendo nos últimos meses mostram que pelo menos o deputado Alcântara tem amigos muito suspeitos", disse. Ela lembrou da prisao, no fim de 1999, em Juazeiro (BA), do comerciante Eidmar Medrado, acusado de ser receptador da quadrilha de Dorneles, flagrado com uma carreta roubada numa das propriedades que possui.

Outro que teve a prisao preventiva decretada foi Francisco de Assis "Barateiro", dono de uma rede de supermercados em Juazeiro que venderia as cargas roubadas nas lojas. Os dois trabalharam na campanha política de Alcântara e um deles, Medrado, como prêmio, conseguiu empregar a mulher e uma irma, com o apadrinhamento do parlamentar, em órgaos públicos, depois da última eleiçao. Mesmo com evidências sobre a participaçao de Medrado e Francisco Assis "Barateiro" na quadrilha de Dorneles, eles foram beneficiados pela Justiça, em março.

O juiz Ivan Rocha liberou Medrado e concedeu relaxamento de prisao para Francisco Assis "Barateiro", que estava foragido.

Diante desse quadro, Moema vai propor à CPI que, além dos dois desembargadores e do deputado, sejam ouvidos também Dorneles, Medrado e Francisco Assis "Barateiro". Nesta quarta-feira, Albiani e Brandao nao foram encontrados nos gabinetes no TJ. Alcântara avisou que só vai se pronunciar depois que receber a convocaçao da CPI.




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