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Caratê e Kung Fu são artes marciais diferentes
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
05/09/2010 | 07:19
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Karate Kid - nova versão do longa de 1984 - acabou de chegar aos cinemas. Conta a história do menino norte-americano Dre Parker (Jaden Smith), que teve de mudar para a China por causa do trabalho da mãe. Ele não curte o novo lar, tem dificuldade em fazer amigos e se dá mal com um grupo de garotos. Para se defender, passa a treinar kung fu com o Senhor Han.

Notou algo estranho? Pois é. Apesar do nome, o protagonista aprende outra arte marcial. "Cada uma delas vem de um país (kung fu, da China, e caratê, do Japão). As posições são bem diferentes", explica Mariana Moreira de Souza, 8 anos, de São Caetano. Ela faz kung fu de segunda a quinta e caratê uma vez por semana na escola.

Os produtores do longa explicaram que o nome é Karate Kid por dois motivos: homenagear o original e porque, no início da trama, Dre acha que pode derrotar os valentões com o pouco que sabe de caratê.

Bem diferentes - O caratê é baseado numa antiga luta praticada pelos moradores mais humildes de Okinawa, no Japão. Eles eram proibidos de usar armas e, assim, criaram tipo de combate com os movimentos do corpo. Por isso, a palavra karate significa mãos vazias. Recebeu influência chinesa, pois a região fazia muito comércio com o país.

O kung fu é muito mais antigo. Surgiu há milhares de anos na China, baseado nos movimentos dos animais, principalmente na hora em que lutam. Acredita-se que foi criado para que os monges pudessem se exercitar, além de meditar.

Semelhantes - O caratê exige esforço, segundo Pedro de Oliveira Pinto, 7, de São Bernardo, que começou a praticá-lo neste ano. No kung fu é igual. "Tem gente que pensa que vai conseguir fazer tudo no primeiro dia de treino. Mas a gente aprende passo a passo", fala Mariana.

Na opinião de Lucas Henrique da Silva Souza, 12, de São Caetano, a dedicação vale a pena. "Quando cheguei não sabia dar estrela. Agora, já faço", diz.

As faixas são usadas nas duas artes marciais para mostrar o nível do praticante. Para trocá-las, tem de passar por exames.

Muitos estilos
O caratê e o kung fu possuem vários estilos. Na arte marcial japonesa, dependem dos mestres que os desenvolveram. Entre os mais conhecidos estão o Goju-ryu, Shotokan e Uechi-ryu. Na luta chinesa, se baseiam em diferentes bichos, como louva-deus, macaco, garça e tigre.

Além dos golpes, o kung fu pode utilizar muitos tipos de armas, diferentemente do caratê que não usa nada. Aprende-se a combater com bastões de madeira, espadas, lanças, entre outros objetos.

Muitos ensinamentos
Nenhuma arte marcial tem o objetivo de ensinar a brigar. Muita gente pensa que ao práticá-las, fica-se mais violento. Pelo contrário, todas exigem bastante disciplina e dedicação. "A gente aprende a se defender e a respeitar os outros. Se não tiver bom comportamento, o sensei não deixa treinar", afirma Renan de Oliveira Pinto, 11 anos, de São Bernardo, que começou o caratê neste ano.

"O kung fu ajuda na defesa. Não deve ser usado para o ataque. Também não pode brincar durante os cumprimentos e treinos", explica Lucas Henrique da Silva Souza, 12. Mas não é só isso que as artes marciais ensinam. Os benefícios são tantos que o kung fu na China e o caratê no Japão fazem parte do currículo escolar de muitos colégios.

Aprendizados - As artes marciais desenvolvem a concentração, o equilíbrio e melhoram o raciocínio. Ajudam a controlar a agressividade e a ter mais paciência com tudo. Durante os treinos, as pessoas esquecem os problemas e espantam o estresse.

Por meio do caratê e kung fu, descobre-se a importância de enfrentar as dificuldades, de nunca desistir e se superar a cada dia. Aprende-se também a trabalhar em equipe. Sem contar que atividade física deixa o corpo mais saudável e previne doenças. "Fico mais disposto para fazer qualquer coisa", diz o irmão de Renan, Guilherme de Oliveira Pinto, 13, que faz caratê desde os 11.

Tudo isso contribui para que o aluno tenha melhor desempenho na escola e obedeça mais aos pais. Os ensinamentos ainda o preparam para enfrentar as dificuldades da vida adulta.

Trabalho duro para aprender Kung Fu
Para atuar em Karate Kid e dar vida ao personagem Dre Parker, Jaden Smith, 12 anos, teve de trabalhar duro. Estudou kung fu por um ano e passou três meses ensaiando as cenas de luta. E não parou por aí, nos quatro meses de gravações, continuou treinando.

O mestre Wu Gang, que o ensinou, recomendou que ele nunca reclamasse. Jaden ainda aprendeu muito com Jackie Chan, que faz o papel do Senhor Han, professor de Dre. O menino curtiu muito a experiência, só achava difícil fazer as cenas de combate, nas quais tinha de bater leve, parecendo que era forte. Gostou tanto que disse que desejava continuar treinando kung fu. Além dele, todas as crianças que atuaram no filme praticavam essa arte marcial chinesa.

Jaden não é novato no cinema. Esteve pela primeira vez na telona ao lado do pai Will Smith em À Procura da Felicidade (2006). Em 2008, fez O Dia em que a Terra Parou.

Segue os passos do pai
Mariana Moreira de Souza, 8 anos, de São Caetano, faz kung fu desde os 4. Começou cedo porque é filha de um mestre dessa arte marcial. A mãe e a irmã mais velha também fazem. Em julho, ela participou de uma competição em Baltimore, nos Estados Unidos, e ganhou medalha de prata na sua categoria.

No caratê também tem meninas talentosas. "Conheço uma que pratica há muito tempo e é ótima carateca", lembra Guilherme de Oliveira Pinto, 13. Em Karate Kid 4 - A Nova Aventura (1994) a protagonista é Julie Pierce (a atriz Hilary Swank), que aprende a lutar com Senhor Miyagi, o mesmo mestre do primeiro filme.

Saiba mais
As artes marciais têm o objetivo de desenvolver o corpo, a mente e a espiritualidade ao mesmo tempo. Saiba mais:

O judô é japonês e foi criado pelo jovem estudante Jigoro Kano, em 1882. O objetivo é utilizar golpes para imobilizar o adversário. Hoje, é um esporte muito popular no Brasil.

Sumô surgiu há milhares de anos no Japão. Teria sido inspirado na luta de ursos. Perde o combate quem colocar primeiro no chão qualquer parte do corpo (com exceção dos pés) ou sair da arena.

O aikido foi desenvolvido pelo mestre japonês Morihei Ueshiba no início do século 20. O objetivo não é derrotar o oponente, mas ter vida com harmonia.

O tai chi chuan surgiu na China há milhares de anos. Tem posições suaves baseados nos movimentos dos animais e fenômenos da natureza.

O jeet kune do foi criado pelo ator Bruce Lee na década de 1960. É uma mistura de vários estilos de artes marciais. Os golpes são muito rápidos.

Consultoria de mestre Joilson Alves de Souza, da Academia Kung Fu Tan Lan, e do senpai Jeremias Seizin Yamauchi, da Academia Yamauchi Dojo




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