Turismo Titulo Varadero
Na rota dos paraísos
Eliane de Souza
Especial para o Diário
05/01/2012 | 07:16
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Divulgação


Chegar a Varadero é ter a certeza de que a ilha socialista sabe muito bem como paparicar os capitalistas. Principal balneário de Cuba, ocupando 19 quilômetros de extensão, o balneário é reduto de canadenses e europeus atraídos pelas praias de areia branca, mar azul-turquesa e resorts luxuosos.

O sucesso da região vem desde o fim do século 19, quando algumas famílias da cidade vizinha Cárdenas compraram terras da península Hicacos e construíram residências de verão. Assim, Varadero virou praia da moda entre os ricos. Depois que Fidel Castro tomou o poder, a área foi franqueada a todo tipo de pessoas, embora prevaleça a presença de hotéis, bares, restaurantes, colônias de férias, campings, campos de golfe, centros esportivos e lojas.

O Restaurante Las Américas, antiga Mansão Xanadú, ilustra a ostentação característica de Varadero antes da revolução. De propriedade do engenheiro químico Alfred Dupont, a mansão foi edificada pelos mesmos arquitetos que construíram o Capitólio.

O edifício de quatro andares foi revestido de mármore italiano e madeiras nobres, além de contar com telhado de cerâmica com isolamento térmico. No jardim havia plantas raras, criação de iguanas e um campo de golfe. Após a revolução, Dupont fugiu de Cuba e deixou a mansão para o governo, que a transformou num elegante restaurante especializado em cozinha francesa.

 

Cayo Largo

Embora Varadero seja um convite ao dolce far niente, com hotéis muito bem estruturados, seria desperdício passar dias contemplando o mar bebericando piña colada ou mojito enquanto há uma ilha efervescente a poucos quilômetros. O ideal é dividir o tempo destinado a mergulhos na piscina com passeios de um dia pelos cidades próximas.

Um desses destinos que merecem ser explorados é Cayo Largo, ilha no Mar do Caribe já próxima às Ilhas Caymam e que está a apenas 35 minutos de voo de Varadero. Ela tem 25 quilômetros de extensão e área territorial de 37,5 quilômetros quadrados.

A costa é plana; a areia, finíssima como talco; e o mar é calmo, transparente e de águas mornas. Os corais podem ser apreciados em mergulhos rasos, apenas com uso de máscara e snorkel.

Passeios de catamarã levam às ilhas próximas. Uma das mais curiosas é a de Cayo Iguana, que serve de habitat exclusivo a esses imensos lagartos, Também vale visitar Cayo Rosario, onde os cardumes coloridos fazem a alegria dos mergulhadores.

 

O pantanal de Cuba

Outro passeio interessante para quem parte de Varadero é a Península de Zapata. Trata-se de uma das áreas menos povoadas de Cuba, formada basicamente por grande pântano, parte dele coberto por floresta. Isso faz da região uma das mais completas reservas de vida selvagem do Caribe, rica em espécies de aves e animais.

A área em volta da Laguna del Tesoro foi designada parque nacional. É o hábitat de crocodilos, que são protegidos desde 1960. Um criadouro foi fundado em 1962 para salvar 16 espécies de répteis ameaçadas de extinção. O local conta com 100 mil animais mantidos em lagos separados por tamanho, idade e espécie.

A área, pouco povoada, também integra a Baía dos Porcos, local que ficou mundialmente conhecido em 1961, quando um grupo de cubanos antirrevolucionários treinados pela CIA desembarcou nas principais praias, como Playa Larga e Playa Girón.

Tropas armadas comandadas pelo próprio Fidel derrotaram os invasores em luta que durou apenas três dias. Na estrada entre as praias, há numerosos monumentos em homenagem aos defensores cubanos. Hoje o local é invadido apenas por mergulhadores internacionais ávidos por explorar os recifes de corais.

 

Heranças indígenas

A região abriga ainda a colônia de férias Guamá. A vila, incrustada na Lagoa do Tesouro, é formada por 18 cabanas erguidas em pequenas ilhas. As acomodações são simples, mas contam com ar-condicionado e TV via satélite.

As cabanas apoiam-se em palafitas e são ligadas por pontes suspensas. A única maneira de se alcançar a vila é de barco, em viagem de 20 minutos que parte da Boca de Guamá, margeando um lago exuberante que lembra muito o pantanal brasileiro.

A colônia de férias ainda inclui restaurantes, bar e um pequeno museu com achados que remontam à civilização taíno, que habitou a ilha. Os visitantes interessados em conhecer ainda mais a cultura aborígene, que foi totalmente dizimada pelos espanhóis no descobrimento de Cuba, podem contemplar aldeia reconstruída na própria colônia de férias. Quatro cabanas típicas e 25 estátuas representando a população que viveu por ali - como caçadores de jacarés e de patos, uma mãe que preparava alimentos a partir da mandioca e a figura de um jovem guerreiro chamado Guamá - daí o nome da colônia.

Também é possível experimentar carne de jacaré no local. A parte que serve para o consumo é o rabo. O cozinheiro faz questão de apresentar a peça inteira sacada do refrigerador. O sabor é parecido com o da carne de porco ou de cação, e é muito apreciado não só pelos moradores como também por estrangeiros.




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