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Contratação com carteira puxa queda no desemprego
Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
22/07/2004 | 22:31
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A taxa de desemprego no Brasil caiu de 12,2% da PEA (População Economicamente Ativa) em maio para 11,7% em junho, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa é a segunda queda consecutiva do índice – em maio, o desemprego estava em 13,1%. A grande diferença neste mês, segundo o instituto, foi o crescimento do emprego com carteira: 3,2% em junho com relação ao mesmo mês de 2003 e variação de 0,2% na comparação com maio.

O rendimento médio do trabalhador brasileiro foi de R$ 886,60 em junho, com alta de 1,8% em relação a maio e queda de 0,5% na comparação com junho do ano passado.

Na RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), a taxa de desemprego se manteve estável, passando de 13,6% em maio para 13,4% em junho. As variações mais expressivas nas taxas de desemprego aconteceram nas regiões metropolitanas de Salvador (16,2% para 14,9%) e do Rio de Janeiro (9,6% para 8,9%).

"O aumento do trabalho com carteira acontece quando há crescimento econômico mais consistente, pois é muito dispendioso para o empresário contratar um trabalhador. A melhora na perspectiva para os próximos meses começa a se refletir no tipo de contratação que está sendo feita", afirmou Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa do IBGE.

Os setores que mais contribuíram para a queda no índice nacional de desemprego, segundo o IBGE, foram: Educação, saúde, administração e serviços públicos (alta de 1,7% em relação a maio e 4,9% com relação a junho de 2003), serviços terceirizados e relacionados ao mercado imobiliário (1,1% na comparação mensal e 5,8% na anual) e comércio (estabilidade com relação a maio e crescimento de 3,9% na comparação com junho de 2003).

O contingente de pessoas desocupadas em junho no país foi de 2,5 milhões, com queda de 4,1% em relação a maio e 8,1% na comparação com junho de 2003. A PO (População Ocupada) ficou em 18,9 milhões de pessoas – variação de 0,4% sobre maio e crescimento de 3,3% sobre junho de 2003. São Paulo – Na RMSP, o Comércio foi o setor que mais gerou empregos. Com alta de 2,7% com relação a maio e 7,4% na comparação com junho do ano passado, o setor inseriu 109 mil trabalhadores no mercado de trabalho nos últimos 12 meses.

Na avaliação de Azeredo, do IBGE, trata-se de um "sinal claro" da recuperação da renda do trabalhador na RMSP – que cresceu 1,5% nas comparações mensal e anual. "Sem dúvida é um indicativo da retomada da renda interna. Esse movimento de contratações está acima da sazonalidade do período e se deu em função da retomada do poder de compra, o que gera expectativa de manutenção dessa alta."

Grande ABC – No Grande ABC, as contratações no comércio acontecem num ritmo lento, mas permanente, segundo os presidentes da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) e a Acid (Associação Comercial e Industrial de Diadema). A incerteza com relação ao crescimento futuro da economia seria o principal obstáculo para um crescimento maior, na sua avaliação.

"Os empresários ainda estão cautelosos com relação a novas contratações. Há uma expectativa de crescimento, mas é preciso ter certeza de sua sustentabilidade para realizar investimentos desse tipo. Enquanto as vendas realmente não tiverem altas seguidas, dificilmente teremos contratações significativas", afirmou Wilson Ambrósio, presidente da Acisa.

Para Manuel Vieira de Mendonça, presidente da Acid, a contratação deve aumentar no segundo semestre, porém mais em razão da sazonalidade das datas festivas do que pelo crescimento das vendas. "Não podemos dizer que a economia está estagnada, pois estamos registrando crescimento. Mas, no meio empresarial, ainda existe receio sobre a situação do país e isso dificulta a contratação – que, custa caro", disse.




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