O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse neste sábado que nos primeiros anos deste século ``poderá haver uma significativa reduçao da pobreza no mundo se tanto os países industriais como os em desenvolvimento cumprirem seu compromisso de atacar suas causas reais'. A observaçao do FMI coincide com a divulgaçao de cálculos revisados da Comissao para a América Latina (CEPAL), segundo os quais ``em princípios do século mais de 36% das famílias latino-americanas - 220 milhoes de pessoas - viviam na pobreza.

``As condiçoes gerais na regiao estao em baixa', admitiu a CEPAL numa análise da pobreza latino-americana. Os cálculos iniciais do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) indicavam que ``o nível de ingresso de mais de 150 milhoes de latino-americanos - 33% da populaçao - é inferior a dois dólares por dia'.

Os dois dólares diários sao considerados o mínimo para cobrir as necessidades básicas de cada pessoa. Nao há uma soluçao única para superar a pobreza, mas há como obter melhores resultados se o compromisso dos países ricos e em desenvolvimento fosse maior e se existissem vozes mais eloqüentes que falassem em nome dos pobre', disse o FMI. O fundo disse que essa opiniao reflete o consenso que se estabeleceu entre as agências internacionais para o desenvolvimento.

O novo interesse no assunto reflete a preocupaçao dos Estados Unidos com a pobreza de que se nutre a turbulência política mundial.

A quase quebra da ordem social no Equador, os tropeços no Peru, Venezuela a mais recente manifestaçao mexicano contra a política do presidente Ernesto Zedillo sao indícios do problema. Antes dessas manifestaçoes, o BID já tinha assinalado que ``a falta de confiança na democracia, junto à má distribuiçao de renda, pode ter implicaçoes para os sistemas da América Latina'.