Os últimos pilotos que comandaram o Airbus A320 da TAM antes da queda da aeronave, no dia 17 de julho, afirmaram em depoimento à Polícia Civil nesta segunda-feira que executaram um procedimento não recomendado para pousar. Segundo um dos pilotos, Marco Aurélio Incerti de Lima, eles não cumpriram as recomendações da fabricante devido à falta de segurança da pista do aeroporto de Congonhas, onde pousaram.

Marco Aurélio e o co-piloto Daniel Alves da Silva foram os últimos a pilotarem o Airbus antes dos comandantes Kleyber Lima e Henrique Di Sacco, que morreram no acidente que deixou 199 mortos no aeroporto de Congonhas.

Segundo Marco Aurélio, o manual do Airbus afirmava que o manete correspondente à turbina com o reverso pinado (travado) deveria ficar na posição “idle” (ponto morto) enquanto o outro, com o reverso funcionando, deveria ser mantido na posição reverso. O piloto afirmou que após fevereiro deste ano, o manual foi modificado, e afirma que os manetes devem sempre estar na posição reverso, mesmo em caso de o equipamento estar pinado.

Apesar da nova recomendação, no dia do acidente, devido à chuva, Marco Aurélio adotou o procedimento antigo. Segundo ele, essa prática é mais segura para as condições de pista molhada.

De acordo com o co-piloto Daniel Alves, o procedimento foi adotado para evitar o aumento da distância de parada. Segundo ele, em caso de reverso pinado e pista com problemas, se o manete é colocado em reverso, a distância de parada aumenta em mais de 50 metros.

O procedimento utilizado pelos pilotos na hora do pouso ficou registrado na caixa-preta da aeronave. Agora, as investigações buscam saber se o mesmo procedimento foi adotado pelas tripulação do vôo 3054, e se essa prática pode ter influenciado no acidente.

Pista – Durante o depoimento, os pilotos reclamaram das condições da pista de Congonhas. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, eles afirmaram que a qualidade da pista piorou da reforma e a falta de grooving a deixa mais escorregadia quando molhada.

A tripulação de Marco Aurélio e Daniel Alves foi a última a voar no Airbus A320 antes do acidente em que a aeronave se chocou com o prédio da TAM Express no fim do vôo entre Porto Alegre e São Paulo.