Se anteriormente o relacionamento não era dos mais próximos entre PSB e Executivo de Santo André, agora o caldo parece estar em vias de entornar. Nos bastidores, o caminho da dupla de vereadores socialistas - José Ricardo e Almir Cicote - trilha para aliança com PSDB ou PT em 2012. A situação ocorre após o episódio do ‘assédio' formulado por pessoas ligadas ao governo a assessores de gabinete e pré-candidatos do PSB, mesmo o partido ainda sendo aliado.

Com o ninho tucano, a aproximação acontece, principalmente, em razão da forte ligação de Ricardo e Cicote com o vereador Paulinho Serra (PSDB), que tenta viabilizar sua candidatura a prefeito para o processo eleitoral. Na trincheira petista, por sua vez, além de o PSB ter sido situação durante a gestão de João Avamileno (2002-2008), os socialistas aderiram à campanha do então deputado estadual Vanderlei Siraque (PT) ao Paço andreense em 2008.

Outro elo de união do PSB com petistas é a articulação do ex-vice-prefeito José Cicote. Ex-militante histórico do PT, Cicote ainda mantém bom trânsito no diretório e com caciques da legenda, inclusive com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem adiantado em reuniões a prioridade a ser dada na eleição de Santo André, ao lado de São Paulo, São Bernardo, Osasco e Guarulhos, considerados municípios-chave para o fortalecimento do ‘cinturão vermelho'.

Segundo Ricardo, que é também dirigente do PSB na cidade, o partido está estudando o cenário político que está se projetando antes de tomar lado. "Não podemos nos precipitar. O apoio deve ser realizado em consenso com as lideranças." O socialista avalia que o caso do assédio faz parte do passado. "Não retiro as palavras, mas não tenho mágoas, acho que foi deslize ocasional. O governo viu que a cooptação é coisa idiota."

Mesmo com o atrito, ele sustenta que não foi procurado pelo Executivo para tratar sobre pleito municipal.

O secretário de Gabinete e articulador político da administração Aidan, Nilson Bonome (PMDB), reconhece que nunca existiu encontro marcado exclusivamente para discutir conjectura política, mas ressalta que o assunto tem sido colocado em pauta paulatinamente. "Dizer que nunca chamou para conversar especificamente neste sentido ele tem razão. Só que estamos iniciando diálogo e no meio de reuniões que tivemos a gente abordou a questão."

Para Paulinho Serra, a identidade com os parlamentares do PSB viabiliza a possível união. "A relação pessoal é forte e temos nova fórmula de fazer política. Isso acaba afunilando para proximidade. Está passando por processo de maturação." O tucano cita que tenta compor com quadros socialistas o posto de vice na chapa majoritária. "Vamos buscar perfil diferente. O José Ricardo, por exemplo, médico e da região do 2º Subdistrito, agrega eleitoralmente ao projeto de candidatura."

Nos corredores da Casa, especula-se que a hipótese mais concreta seria a aliança PSDB-PSB. Entretanto, o avanço das conversas dependem da consolidação da candidatura de Paulinho, uma vez que o ninho tucano ainda não se pronunciou oficialmente sobre a questão.

ÓRBITA

Desde o início da administração Aidan Ravin (PTB), o PSB migrou algumas vezes o posicionamento na Câmara. A bancada fez parte, inclusive, do bloco de centro, junto com parte dos vereadores do DEM. Na época, o principal racha ocorria por conta da interlocução mal avaliada entre Executivo e Legislativo executada por Beto Torrado.

O PSB orbitou por período considerável entre situação e centro. Apenas depois da queda de Torrado e ingresso de Nilson Bonome na articulação as reclamações apaziguaram. A partir de então, o clima se tornou mais estável, contudo, sem ligação estreita.